quinta-feira, 25 de abril de 2013

" O preço de uma conquista " - Artigo ,Editoriais ZH

 


O custo de
uma vida
longeva e
saudável
passará pelo
controle da
nossa pressão
arterial

JUSTO ANTERO LEIVAS*
A espécie humana, ao evoluir no seu saber, obteve sucessivas conquistas, entre elas, o privilégio de viver mais, elevando a média nas últimas décadas para números inimagináveis antes de descobertas como os antimicrobianos, os quimioterápicos e tantas outras classes de medicamentos inseridos no tratamento das nossas doenças. Mas toda conquista é precificada e o custo da longevidade são as doenças relacionadas ao envelhecimento, como a hipertensão arterial sistêmica, cuja incidência e prevalência aumentam quando associadas às doenças provenientes dos maus hábitos como a obesidade, o tabagismo e o sedentarismo.

Os números dessa doença silenciosa que afeta o funcionamento de órgãos nobres do nosso organismo, como coração, cérebro e rins, aumentam de maneira exponencial em todo o mundo, de maneira que ações mais enérgicas já deveriam ter sido tomadas pelos diversos segmentos da nossa sociedade. Iniciativas louváveis governamentais foram tomadas nos últimos anos, como a disponibilização gratuita de medicamentos anti-hipertensivos na rede pública e a implantação dos núcleos de apoio à saúde da família, mas insuficiente se quisermos sair da lista dos países com o maior potencial para doenças cardiovasculares.

O melhor tratamento, já sabemos, é a prevenção, mas o resultado será pequeno se quisermos mudar condutas já enraizadas no cotidiano dos adultos. Portanto, o foco maior deve ser nas crianças, que incorporam os bons hábitos, aceitando com muito mais naturalidade que atividade física é fundamental e também, quando devidamente explicado, que comer frutas e outros alimentos saudáveis é, igualmente, prazeroso e necessário.

Amanhã, comemoraremos o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão e o momento é de engajamento de todos os setores da sociedade que têm uma interface com este problema. Os governos, por meio do cumprimento das leis que regem o controle do sal nos alimentos; as sociedades médicas, promovendo campanhas de esclarecimento sobre esta doença sem sintomas e que leva à morte; a indústria alimentícia, por meio de uma ampla modificação na preparação de vários alimentos, diminuindo principalmente o sal nos mesmos; e os bares e restaurantes, com medida simples, como a retirada do saleiro de cima das mesas dos seus estabelecimentos, conduta já adotada por outros países, com resultados alentadores.
Os gaúchos sempre aceitaram desafios, e a história deste Estado conta que sempre valeu pagarmos o preço das nossas conquistas, portanto, o custo de uma vida longeva e saudável passará pelo controle da nossa pressão arterial e a reavaliação dos nossos hábitos. Ainda há tempo!



*Presidente da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul

Pressão arterial (Foto: Arte/G1)

 
 

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