domingo, 21 de abril de 2013

" Artigo < rstuv > por Marcelo Pires*

Artigo| rstuv


Nosso
caminho
são as letras.
Não sou eu que
estou dizendo.
É o próprio
alfabeto

MARCELO PIRES*
Tu deves estar pensando: que título é este? Será uma palavra em outro idioma? Um erro de digitação? Um novo medicamento? Não, é um pedacinho do nosso alfabeto.
Este pedacinho do ABC, sem formar palavra muito evidente, sempre me disse muito. Estranho? Vou explicar o motivo.


Acho muito significativo que, em pleno alfabeto, exista a sigla do Rio Grande do Sul. Que bobagem, tu deves estar pensando.
Bobagem? Note: logo depois do "rs", o alfabeto _ o sistema de escrita mais utilizado no mundo _ engata aquele "tu", como se confirmasse: "Estou, sim, mandando um recado para quem vive em terras gaúchas".
A grande maioria das pessoas sabe o ABC de cor e salteado. Só pra jogar "Stop", a gente repete o alfabeto inúmeras vezes na vida. O "rs" estar ali, neste ambiente de letras, de alfabetização _ tem que ter algum significado.

AbcdefghijklmnopqRStuvwxyz. O que o alfabeto está querendo nos dizer? Meu palpite: o recado é sobre a importância da leitura para o RS.

A missão do Rio Grande do Sul no Brasil é esta: ser um lugar onde as pessoas leiam, leiam e leiam. Em vez de semianalfabetos, temos que formar superalfabetizados.

Somos uma terra de escritores. Temos que ser mais. Feiras, workshops, bolsas, concursos _ o inverno gaúcho pode ser um refúgio para escrevinhadores do mundo todo. Nosso vinho é um bom combustível para talentosos. E nossas shirleys e giseles já são reconhecidamente musas internacionais.


Somos um Estado que lê. Temos que ler mais. Quando, um dia, existir metrô por estas bandas, daqui a muitos e muitos anos, todo mundo tem que estar lendo e lendo e lendo nos bancos de todos os vagões.

 

Nossas casas editoriais, salvo exceções, andam sem personalidade e projeção. Precisamos voltar a ser um polo de grandes títulos. E das mais inspiradas traduções. Será que já existe curso de agente literário no nosso Estado? Deveria existir.
Nossas livrarias precisam recuperar o charme, precisam voltar para os cafés, para as calçadas _ não viverem confinadas apenas nos corredores dos shoppings (e nas listas de best-sellers).

 
Nossos autores precisam conquistar os e-books. Nossas histórias têm que virar tendência em aplicativos, atrações em roteiros turísticos. O RS leva jeito para terra da narrativa, praça do storytelling.Notem: não estou sugerindo que já somos isso, no costumeiro clima "sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra". A valorização das letras combina com a gente? Combina, mais ainda é meta, não realidade.

Temos que recitar poesia, discutir romances, escrever bons ensaios, investir no texto didático, dar um banho em textos técnicos, apresentar o mais instigante jornalismo, misturar mídias, caprichar em redações escolares, escrever bons e-mails e brilhantes pichações de rua. Temos que ser a reserva ecológica da palavra, o polo industrial das letras, a zona franca da leitura.
Por que ainda não temos um Museu da Língua Portuguesa por aqui? Precisamos de parques temáticos que valorizem nossos personagens. Precisamos de incentivos às faculdades de Letras e Jornalismo. Precisamos internacionalizar nossos autores: Mario Quintana tem que ser recitado na Cochinchina e Moacyr Scliar tem que ser lido na Tonga da Mironga do Kabuletê.
A mensagem é clara. Nosso caminho são as letras.
Não sou eu que estou dizendo. É o próprio alfabeto.




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