sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Temer demorou e se atrapalhou com os termos, mas o Plano de Segurança faz sentido


COLUNISTA      

Eliane Cantanhêde[ O Estadão]

Todo mundo (quase literalmente) concorda que o massacre de Manaus foi “pavoroso”, como adjetivou o presidente Michel Temer, três dias depois de um silêncio sepulcral e um depois da manifestação do papa Francisco. Há controvérsias, porém, se esse massacre pode ou não ser chamado de “acidente”. Professor e aplicado, Temer despejou sinônimos de “acidente” nas redes para defender sua escolha de palavras: tragédia, perda, desastre, desgraça, fatalidade. Deles, porém, o único que se encaixa é tragédia. Mesmo assim, precisaria um complemento: tragédia intencional.
O que diferencia um “acidente” de todos os sinônimos de Temer é a intenção. A Família do Norte, já a terceira facção do País, trucidou presos de outras facções e possivelmente de facção nenhuma. Não foi nem perda, nem desastre, muito menos uma fatalidade, mas sim um ato intencional – que, aliás, era de conhecimento das autoridades estaduais, previsto por estudiosos e compatível com a situação caótica das prisões.
Afora as duas escorregadelas do presidente – a demora em se pronunciar e o uso dos termos –, o Plano Nacional de Segurança faz sentido. Foi antecipado por causa da chacina de Manaus, mas está no topo da pauta e vem sendo discutido desde outubro, depois de um encontro de horas entre Temer e a presidente do STF, Cármen Lúcia, e de uma reunião das cúpulas dos três Poderes.
São duas vertentes. Uma é a criação de uma força-tarefa de Segurança em cada Estado, reunindo o pessoal de inteligência da PF, da PRF, da PM, da Abin e do sistema prisional. Assim como a força-tarefa da Lava Jato foca na corrupção e nos chamados crimes de colarinho branco, a da Segurança vai mirar no narcotráfico e no crime organizado, duas das maiores causas do caos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário