EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 20/01
Mensagens trocadas pelo presidente afastado da OAS, Léo Pinheiro, recuperadas pela Lava-Jato, denunciam um reprovável conflito de interesses
indisciplinados,desordem e desprogresso |
Iniciada em março de 2014, a Operação Lava-Jato já reuniu o maior acervo da Justiça brasileira em provas, depoimentos, denúncias sobre um esquema de desvio de dinheiro público. Tudo proporcional ao tamanho do que foi saqueado pelo lulopetismo e aliados, a Petrobras. E material continua a ser acumulado, o qual, depois de servir para instruir processos contra inúmeros acusados, será rica fonte para pesquisas e estudos sobre vários aspectos deletérios de como a política e os negócios se misturam no Brasil, longe da opinião pública e dos instrumentos de fiscalização do Estado — em funcionamento na Lava-Jato, felizmente.
Até agora, entre os vários personagens que afloraram no escândalo, destaca-se Léo Pinheiro, presidente afastado da OAS, e cujas mensagens resgatadas de seus telefones celulares pela Polícia Federal revelam uma ampla rede de interesses.
isso é BRASIL....a PRESIDENTE .... corrupta,guerrilheira... e mentirosa. |
Ao lado de Marcelo Odebrecht, de Ricardo Pessoa, da UTC, entre outros investigados, Léo Pinheiro surge nas investigações como alguém com grande capacidade de articular-se com políticos, autoridades do Executivo e do Judiciário, distribuir e obter favores.
Do círculo de conhecimento do empreiteiro, estão, ou estavam, o ex-presidente Lula, a quem jocosamente chama de “Brahma”, o indefectível Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e, entre outros mais, o atual ministro-chefe da Casa Civil, o ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) — onde está a sede da empresa —, que inspirou a criatividade de
Pinheiro ao ser apelidado por ele de “Compositor”, referência ao músico alemão.
O que transparece de trocas de mensagens entre o empreiteiro, políticos e assessores é que o limite entre a defesa de interesses públicos, por parte de autoridades, e pessoais foi largamente ultrapassado.
Noticiou-se que o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em uma das viagens ao Brasil, teria defendido a oferta da Boeing para substituir os ultrapassados jatos de interceptação da FAB, negócio afinal arrebatado pela sueca Saab. Mas não consta que Biden tenha pedido à Boeing favores para amigos e para ele mesmo, numa escrachada troca de favores.
No convívio descuidado entre empreiteiros e governantes brasileiros, a história tem sido outra, denuncia a Lava-Jato. A OAS de Léo Pinheiro finalizou o prédio em que a família Lula tem um tríplex no Guarujá. Até mesmo Rose, Rosemary Noronha, amiga do ex-presidente, é citada na troca de recados como se houvesse algo que Pinheiro pudesse ajudá-la pessoalmente.
Lula também fez incontáveis gestões a favor de projetos dessas empreiteiras brasileiras. Tudo muito defensável. Menos o fato de o presidente receber por palestras dadas em eventos das mesmas empreiteiras, e tampouco encaminhar pedidos de favores a pessoas próximas.
Este é um aspecto de todo esse escândalo que precisa ser esclarecido, para ajudar na moralização da vida pública brasileira.
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