sábado, 7 de janeiro de 2012

pare de comprar a solidez dos sorrisos,e experimente perguntar...e aí como tu tah?





Não há festa
texto: Gustavo Gitti

-------------------------Pare de comprar a solidez dos sorrisos e experimente perguntar,um a um:" e aí,como você está?

Boa parte da nossa angústia vem de perceber os outros felizes,bem resolvidos,curtindo a vida.Quando um casamento desaba ou um trabalho fracassa,parece que nós fizemos algo errado.Se tivéssemos acertado,estaríamos junto com as pessoas sorridentes na grande festa.
Mas não há festa em lugar nenhum.Ande pelos subterrâneos da vida,converse com psicanalistas,padres,massagistas,lamas,xamãs e pergunte quem está realmente,festejando? !!!
Pare de comprar a solidez dos sorrisos e experimente perguntar, um a um, " e aí...como você está ? " Com ceticismo,curiosidade,interesse.
Não demora ,vai descobrir que estamos todos ... com a mesma mente ansiosa,mente inquieta,carente,hesitante,desconfiados,mente orgulhosa,mente preguiçosa,autocentrada,fofoqueira.Todos com o mesmo corpo entortado,de ânimo oscilante,cheio de tiques,tiquilites.
O que chamamos de mente saudável está longe de ser completamente sã.Até as melhores pessoas," melhores "sem nenhuma doença mental diagnosticada,precisam de ajuda.Se não percebemos que estamos todos igualmente insatisfeitos,estamos muito cegos.E,mesmo sabendo,não temos noção do quanto estamos perdidos.
Precisamos de ajuda.Sem desespero,sem alarme,é essencial listar tudo aquilo que parece subentendido,tudo aquilo que ninguém se dispõe a aprender: não sabemos morrer ou lidar com a morte dos outros,não sabemos nos concentrar,relaxar,sustentar relações positivas,ou superar hábitos destrutivos,não sabemos direito sequer como aprender.
E, quem, poderia nos ajudar? Como diz o sociólogo Zygmunt Baumann " a cabine do piloto está vazia ". Não somos mais subjetivados e orientados por algum grande Outro ( outro< a religião,a família,a nacionalidade,a cultura hegemônica,as instituições >.
Também não dá mais para transferir essa responsabilidade para psicólogos,psiquiatras e picaretas da autoajuda.Essa mesma condição pós moderna que dilui qualquer ponto de apoio seguro inaugura uma liberdade nunca antes acessível à humanidade.Como não há mais refúgio exterior,ponto de fuga,apoio seguro,somos quase obrigados a nos reapropriar da responsabilidade que havíamos empregado.
Só nos resta fazer de qualquer outro o grande outro...< só nos resta fazer de qualquer outro o grande outro >
Resgatar as rédeas dos processos que nos dão nascimento,construir redes de transformação,espaços e dinâmicas nas quais as pessoas possam se ajudar ,se puxar,se impulsionar.
Descobrir a ilusão da felicidade alheia já reduz algum sofrimento.E,abre um desafio: se não há festa,quais festas podemos começar a construir?

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