segunda-feira, 2 de maio de 2016

" De Volta para o Futuro "

Iotti: saldão da Dilma Iotti/Iotti
Outra visão ZERO HORA 

Leandro de Lemos

Economista, assessor da Pró-Reitoria de Administração e Finanças e professor da PUCRS

O excepcional protagonismo dos esquemas de corrupção formou uma cortina de fumaça sobre os reais problemas da economia brasileira, o que poderá nos levar ao risco de acreditar que a somente a punição trará a retomada do crescimento econômico. Ledo engano.
Trazer a racionalidade no momento em que as paixões polarizam o mais intenso embate social da história recente é tarefa difícil, mas necessária. O combate à corrupção e a construção de um novo modelo de relacionamento entre o público e o privado são fundamentais para a consolidação de uma sociedade desenvolvida. Mas a ilusão de ser este o único problema poderá alongar em muito a saída para a crise econômica atual.
Sinteticamente, vivemos o fim de um ciclo econômico. As causas são estruturais e passam pelo somatório de diversos fenômenos: ausência de uma política nacional de inovação, fim do ciclo de expansão das commodities internacionais, fim da expansão de consumo via aumento de renda real das classes mais pobres e o encontro da restrição fiscal de longo prazo do setor público.
Estamos num tentador círculo vicioso que nos chama sempre para questões de curto prazo e nos congelou a habilidade de calcular o economicamente viável. Os gastos públicos, por exemplo, vêm crescendo a uma taxa de 0,4% do PIB ao ano desde a constituição de 1988. No início, foram financiados com inflação, depois com aumento de impostos, e, agora, esse modelo de benefícios chegou à exaustão.
Também, não é mais possível manter a economia brasileira como periférica nos movimentos de inovação das cadeias produtivas globais. A sociedade brasileira ainda continua vinculada ao passado e preocupada em recuperar capacidade de consumo. Devemos voltar a projetar o futuro e construir uma agenda comprometida com o longo prazo por meio da inserção em cadeias produtivas da indústria 4.0, produção limpa e geração de novos negócios com tecnologias inovadoras.
Essa é a única forma de gerarmos inserção social sustentável. Os jovens atuais serão em duas décadas pobres se o projeto de desenvolvimento não for redirecionado para o futuro.


Nenhum comentário:

Postar um comentário