Palavra de Médico
J.J.Camargo é cirurgião torácico e
confia que o
" BRASIL " ainda pode vir a ser
uma grande
" NAÇÃO ".
A Nossa Essência
" os brasileiros precisam de
um choque de humanidade para este gigante ser,de fato
uma nação .
Claro que existem pessoas
boas e más em todos os lugares , e não é com exemplos desgarrados que se
constrói a identidade de um País.O que somos como nação depende
do coletivo , e este se constrói
com educação , responsabilidade , ética , noção de dever precedendo o direito,
respeito aos outros, solidariedade e alguma sorte na base genética.
Já tinha me comovido com a atitude
solidária dos japoneses durante a catástrofe do tsunami, ecom o quanto aquilo
contrastava com o desespero das víktimas das enchentes
em Teresópolis - no Rio de Janeiro
, que relutavam em abandonar suas casas pela certeza de que seriam
saqueadas.
O relato que circula na internet
deste estudante da USP , estagiando no Japão , expõe o nosso egoísmo como uma
chaga, mas pelo menos serviu para acender um farol de inquietude no coração
daquele jovem.Acho que precisamos desse tipo de choque, um choque de humanidade
! Afinal, de que somos feitos ?
" ... ontem domingo, fiquei o dia
todo fora.E como só voltei para casa tarde da noite , não cheguei a ver nenhuma
notícia sobre o BRASIL .Só meu amigo Léo que me avisou rapidamente pelo Whats
App, no domingo à noite , que um incêndio em uma boate no Sul do Brasil, matou
um monte de jovens .Hoje pela manhã cheguei para
trabalhar, e muitos japoneses que trabalham aqui na ONU estavam
enfileirados,lado a lado,na porta do escritório, com uma expressão grave em seus
rostos.Todos se curvaram respeitosamente para mim,e um a um,
expressaram seu " profundo pesar diante da tragédia que atingiu o seu povo,
Zaccarô - san " .
Muitos funcionários
japoneses ,desde altas autoridades até a velhinha da limpeza,expressaram suas
condolências nos corredores, quando nos encontramos, pelo mesmo
motivo, e nos mesmos termos.
E eu só sou um " zé ninguém ",
aqui. Sou somente mais um no meio de tantos outros.Fui o último a
chegar...
E, confesso que nem tinha me
sentido atingido pela tragédia.Obviamente fiquei muito triste com o ocorrido e
senti pena dos envolvidos , mas não tinha me sentido atingido " pessoalmente "
e, talvez, muitos aqui também não .Não é a nossa família,e não são nossos amigos
ou conhecidos...
Também somos jovens ,e também
frequentamos boates e barzinhos ,e de repente você pensa que poderia ser com
você ,também, naquele lugar que todos costumamos ir...
" Não sei o que pensar
sobre nós,
BRASILEIROS, e Nossas
POSTURAS
diante de nós mesmos e de
outros<BRASILEIROS
>".
< * estudante da
USP estagiando no Japão .>
Mas os japoneses falaram como se
os envolvidos fossem parte da minha própria família.
Isso disparou uma série de
reflexões em minha cabeça sobre fraternidade real, senso de coletividade,
identidade cultural e nacional, nacionalismo ,e por aí vai !
Não consigo mais parar de pensar
nisso tudo !
Nem preciso dizer o quanto isso me
emocionou.E até agora, ao escrever isso aqui , eu não sei direito o que pensar
sobre nós ( os brasileiros ) e nossas posturas diante de nós mesmos e dos outros
brasileiros, como povo de um mesmo País.
Gostaria que os pais daqueles
jovens pudessem receber e sentir o que os japoneses falaram por aqui.Isso foi
para eles, não para mim... ou foi para mim, e eu, até então, não tinha percebido
nada disso ???
E talvez tenha sido para você
também. Para nós !
Pois , é, meu jovem, quem sabe um
dia o gigante do berço esplêndido desperte para ser de fato uma
NAÇÃO.
E, uma dessas de deixar a gente
orgulhosa.Aí sim, imagina a festa !
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