domingo, 19 de novembro de 2017

Ginni Rometty, o passado passou, afirma CEO da IBM

Ginni Rometty, CEO da IBM (Ben Baker/Redux//)

Cientista da computação diz que empresa de tecnologia que fica atada à própria história não sobrevive e declara não gostar de ser exemplo só porque é mulher


Como CEO da IBM, a cientista da computação americana Ginni Rometty, de 60 anos, tem a árdua tarefa de fazer a tradicionalíssima empresa sobreviver ao que julga ser o maior período de renovação da marca. Funcionária da companhia há 36 anos, ela presenciou, na última década, a transformação da IBM de líder na fabricação de PCs em locomotiva do desenvolvimento de inteligência artificial (IA). Ao assumir em 2012 o cargo máximo, Ginni foi considerada pela imprensa americana a melhor esperança para garantir que a empresa dure mais um século no ramo. Agora, porém, com o faturamento da IBM em queda e seu salário aumentado para 33 milhões de dólares anuais, tem enfrentado duras críticas. Na entrevista a seguir, feita no hotel no qual se hospedou em uma rápida passagem por São Paulo, Ginni defende a ideia de que os seres humanos não devem temer as máquinas, explica os motivos de ter sido conselheira do presidente Donald Trump (e por que deixou de ser) e ainda mostra aversão a ser chamada de “feminista”.

Nos anos 80 e 90, a IBM se consagrou como uma marca presente na casa das pessoas por meio de seus computadores. Só que em 2005 a empresa vendeu sua divisão de PCs à chinesa Lenovo e, para o consumidor final, parece ter sumido. O que ocorreu? É engraçado como a forma de se lembrar da IBM depende da idade de cada um. Fomos fundados em 1911. Somos a única empresa de tecnologia a durar mais de um século no ramo. Completamos agora, em 2017, 100 anos de presença no Brasil, o primeiro país estrangeiro onde abrimos filial internacional. Hoje, somos a companhia de tecnologia com maior presença no exterior, atuante em 170 nações. Um dos segredos para perdurar é que a IBM ficou diferente a cada era. Nunca a empresa se definiu pela existência de somente um produto. Se tivesse feito isso, teria se tornado irrelevante. Sim, continuamos com as nossas duas características principais:  sermos uma empresa de inovação e aplicarmos novas tecnologias para transformar o modo como a sociedade realiza negócios. Dentro desse mote, a IBM se reinventou. No começo, fabricava cortadores de carne e queijo. Depois, passou aos relógios, à tabulação, aos sistemas de transações e à era dos PCs. Agora, entra em seu maior período de reinvenção, girando em torno do valor da coleta e organização de dados em grandes quantidades. Podemos não ser mais tão evidentes para o consumidor, mas estamos em quase todos os processos computacionais com os quais as pessoas deparam. Não se realiza uma transação bancária, nem se pilota um avião, sem ter de confiar numa de nossas tecnologias.

 "Há muita informação circulando, mas existe pouco conhecimento de como chegar a ela. Por isso, apenas 
20% dos dados do planeta são rastreáveis. 
Há 80% ainda não aproveitados."


Quais são os outros segredos da IBM que fizeram com que ela sobrevivesse numa indústria caracterizada por mudanças rápidas, na qual, há uma década, a Microsoft era a marca mais forte e, hoje, passou a ser dominada por novatas como o Google? A lição é: não proteja o próprio passado. Deixamos o que eram nossos principais produtos, os PCs, para focarmos o futuro, para o qual desenvolvemos ferramentas de IA. Há a sensação de que esta era é marcada por avanços mais rápidos porque existem várias transições tecnológicas ocorrendo. Empresas como o Google e o Facebook se apoiaram no que chamo de efeito das redes. É a era atual. Mas a IBM tem a visão de que está se preparando para o próximo passo. O valor que se possui em dados digitais será o grande diferencial na competição entre as pessoas, empresas e governos. Há muita informação circulando, mas existe pouco conhecimento de como chegar a ela. Por isso, apenas 20% dos dados do planeta são rastreáveis. Há 80% ainda não aproveitados.

Onde estão esses 80%? Trata-se, por exemplo, de todo o histórico de investimentos de risco dos bancos. Ou dos registros de compras das companhias de varejo. Ou de todos os históricos médicos de todos os seres humanos. Sistemas tradicionais não conseguem organizar esse mundaréu de dados. Então precisamos desenvolver IAs que possam realizar isso. Numa comparação, transformam-se os dados em um tipo de recurso natural. E quem ganha em cima de recursos naturais? Quem os detém? Lucra quem consegue extrair algo deles. Com isso, entramos no que considero ser a era da cognição, na qual as máquinas poderão aprender sozinhas, com base no conhecimento que humanos experts oferecem a elas, como lidar com esses dados. As IAs fornecerão bases para que profissionais possam tomar melhores decisões. Temos um estudo que revelou que um terço das escolhas humanas é acertado, enquanto outro terço engloba as medianas, e o outro acaba em erros brutais. A inteligência cognitiva, nome que prefiro ao de inteligência artificial, poderá aumentar nosso índice de acerto, criando um mercado que a IBM estima valer 2 trilhões de dólares.

Já há exemplos práticos do impacto dessa tecnologia? Destacarei um de fácil compreensão. Como funciona se alguém tem câncer e consulta um oncologista com acesso ao nosso software mais popular, o Watson? O profissional perguntará ao programa, frente às informações que possui, quais são os resultados prováveis. Nisso, o Watson acessará, automaticamente, 20 milhões de páginas de pesquisas sobre câncer, qualquer artigo científico publicado sobre o assunto, registros médicos e o histórico daquele paciente específico. Após essa análise, o sistema apresentará uma resposta com diagnósticos possíveis, testes recomendáveis e ideias de tratamento. A consequência é que o médico terá em mãos as melhores ferramentas, e o paciente, respostas objetivas. Recentemente, encomendamos uma pesquisa ao Massachusetts Institute of Technology, o MIT, sobre qual seria o impacto da IA nos empregos. Em termos de substituição, apenas 10% dos postos de trabalho estão diretamente sob risco. No entanto, 100% das carreiras vão se transformar, de alguma forma.

Quando a senhora assumiu o cargo de CEO, foi louvada pela imprensa como a melhor esperança para pôr ordem na casa. Hoje, cinco anos depois, a imprensa contrapõe o faturamento em constante queda da IBM com o tamanho de seu salário. A senhora dá bola às críticas? Não. É preciso administrar empresas pensando a longo prazo, não a curto. Foi isso que garantiu a força da IBM no último século e ainda fará com que a empresa dure outro século. Para tanto, escolhemos, por exemplo, vender partes bilionárias de nosso negócio, enquanto também comprávamos empresas de vanguarda. O resultado é que, agora, 45% de nossos produtos, ao todo um negócio de 80 bilhões de dólares, são novíssimos. Reinventamo-nos para o futuro.

 "Lidero quem produz essas inovações e tenho certeza de que estamos a décadas de distância daquele momento apontado pelos críticos em que será possível replicar tudo o que o homem é capaz de fazer —  se é que a tecnologia um dia atingirá esse patamar. Mesmo se chegar lá, sei que a inteligência cognitiva sempre trabalhará em conjunto com o ser humano, 
ajudando-nos a nos superar."


Figuras de renome, como o empreendedor sul-africano Elon Musk e o físico inglês Stephen Hawking, defendem a tese de que as tecnologias de IA, como as desenvolvidas pela IBM, estão pavimentando um futuro perigoso, no qual as máquinas poderão dominar a humanidade. Eles estão completamente errados. Por isso, na IBM, optamos por usar o termo inteligência cognitiva, não inteligência artificial. O termo “artificial” gera temores infundados. Lidero quem produz essas inovações e tenho certeza de que estamos a décadas de distância daquele momento apontado pelos críticos em que será possível replicar tudo o que o homem é capaz de fazer —  se é que a tecnologia um dia atingirá esse patamar. Mesmo se chegar lá, sei que a inteligência cognitiva sempre trabalhará em conjunto com o ser humano, ajudando-nos a nos superar. Alimentar essa ideia, de um apocalipse protagonizado pelas máquinas, representa um desserviço à civilização. Isso porque não podemos conter as enormes vantagens que essas tecnologias proporcionam e proporcionarão. Por exemplo, há 700 oncologistas na Índia, para uma população de 1,4 bilhão de indivíduos. Apenas com esses médicos, nunca será possível fornecer a todo esse povo um serviço de qualidade. Nem mesmo em países ricos o atendimento é ideal. Nos Estados Unidos, 15% dos pacientes com câncer têm acesso ao atendimento de centros especializados. Os outros 85% se contentam com médicos generalistas. Com tecnologias como o Watson, temos a oportunidade inédita de levar um suporte de altíssimo nível a todos os seres humanos que precisam disso. Tenho certeza de que a mesma tecnologia transformará o sistema educacional, a fabricação de remédios, entre tantas outras áreas.

A senhora foi criticada por integrar o conselho administrativo do presidente Donald Trump, conhecido por declarações preconceituosas, e, depois, também atacada por ter deixado o cargo. Outro ensinamento que a IBM, assim como eu, aprendeu com o tempo: é preciso envolver-se para promover mudanças. CEOs da empresa aconselharam todos os governos federais desde Lyndon Johnson (presidente entre 1963-1969). Recentemente, passei uma semana na União Europeia e lá conversei com líderes como o francês Emmanuel Macron. Só o envolvimento torna possível impulsionar o progresso. Por exemplo, é preciso trabalhar com governos para reformular sistemas educacionais com o intuito de preparar gerações para lidar com as novas tecnologias. Sem isso, indivíduos podem chegar ao mercado sem o mínimo de qualificação. Mas deixei o conselho de Trump após as declarações do presidente no episódio de Charlottesville (em agosto, supremacistas brancos tomaram as ruas da cidade do Estado de Virgínia e houve enfrentamentos violentos), que não condizem com os valores da empresa. Vislumbrei, então, a possibilidade de a IBM colaborar com o país de forma mais produtiva.

Por que a senhora não se sente confortável ao ser apontada como referência de sucesso para mulheres? Não concordo com rótulos, como o de feminista. Incomodava-me quando me inseriam em listas como a das “maiores executivas do mundo”. Respondia: “Não frise que sou uma mulher. Considere-me como profissional, e ponto”. Entretanto, tive um momento de elucidação após uma palestra na Austrália. Um executivo veio até mim e acreditei que ele fosse apenas me elogiar. Mas ele me disse assim: “Queria que minha filha estivesse aqui para se espelhar na senhora”. Notei, assim, a importância de existirem modelos de referência para as minorias. Só que, mais do que batalhar por um rótulo, é preciso agir para que todos, homens ou mulheres, possam se sentir confortáveis com quem são, em qualquer lugar. Assim, inclusive, produzirão mais. Na IBM, usamos IA para analisar candidatos, externos ou internos, justamente para que avaliadores não levem em conta os próprios preconceitos na hora da escolha.
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Publicado em VEJA de 22 de novembro de 2017, edição nº 2557 - Folha Amarelas pg. 19/23.
Fonte: http://veja.abril.com.br/revista-veja/o-passado-passou-afirma-ginni-rometty-ceo-da-ibm/

Steve Pinker : «La diminution de la violence dans le monde est un phénomène massif et incontestable»

Par Laurent Joffrin, illustration Christelle Enault — 17 novembre 2017 à 17:46

Selon le professeur de psychologie cognitiviste à l’université Harvard, dont l’ouvrage vise à démontrer et à expliquer la baisse de la violence au fil des siècles, l’humain accorde beaucoup plus d’importance à la vie aujourd’hui, et c’est sans doute pour cela que le nombre d’accidents diminue sans cesse.

D’origine canadienne, professeur de psychologie cognitiviste à l’université Harvard, Steve Pinker vient de publier un livre essentiel, la Part d’ange en nous (Les Arènes). Au fil de ces 1 000 pages appuyées sur une imposante bibliographie, on apprend que la violence ne fait que régresser depuis les premiers temps de l’humanité, qu’il s’agisse de la violence guerrière ou de la criminalité. On note au passage que 90 % des mouvements terroristes répertoriés jusqu’à aujourd’hui ont échoué dans leur entreprise. Ce qui est le cas des mouvements jihadistes : nul territoire conquis, nul basculement massif des musulmans de leur côté, nulle guerre civile déclenchée dans les pays occidentaux où vivent des minorités islamiques.
Terrorisme, violences urbaines, guerre en Syrie, en Irak, au Soudan ou en Centrafrique. Beaucoup de gens ont du mal à penser comme vous que la violence ne cesse de décroître dans le monde…
C’est pourtant un fait établi. En premier lieu, le nombre des homicides dans nos sociétés ne cesse de diminuer depuis de nombreux siècles. C’est un chiffre fiable : un homicide ne passe pas inaperçu, les archives en gardent toujours une trace. Or toutes les sources dont nous disposons montrent une baisse continue du taux d’homicides par rapport à la population au fil du temps. En second lieu, chacun peut constater que les institutions les plus violentes - les sacrifices humains, l’esclavage, l’inquisition, la torture dans les procédures judiciaires, la peine de mort - ont été abolies dans la plupart des pays de la planète. Enfin, les guerres entre nations sont devenues de plus en plus rares au fil du temps, tout comme les guerres civiles. Les organisations qui tiennent la statistique des morts, civils ou militaires, au cours des conflits armés constatent un abaissement continu des pertes humaines.
Pourtant les deux conflits mondiaux du XXe siècle ont entraîné des massacres inédits…
Certes, mais il y a parfois, dans l’histoire, des rechutes, des retours en arrière. Cela ne contredit pas l’évolution globale. Depuis 1945, la tendance historique à la décroissance des pertes pour cause de guerre a repris son cours, comme avant 1914. Et si on considère non le nombre absolu des morts pendant les deux Guerres mondiales, mais leur proportion par rapport à la population, on a connu des périodes plus violentes, où les pertes étaient en proportion supérieures. Par exemple pendant les invasions mongoles de Gengis Khan ou de Tamerlan, pendant les guerres de religion en Europe ou encore lors de la chute de la dynastie Ming en Chine. La conquête de l’Asie par Gengis Khan a provoqué en proportion autant de morts, sinon plus, que les exactions nazies. Les guerres et les génocides ont émaillé l’histoire de l’humanité depuis l’origine. Mais leur fréquence tend à se réduire. Ce qui est clair, en tout cas, c’est que la violence guerrière a diminué de manière spectaculaire depuis 1945.
Vous donnez un exemple frappant, l’extrême violence des événements rapportés dans la Bible, dont la recension reflète non la volonté de Dieu mais l’esprit du temps où elle a été écrite.
C’est une belle légende de l’ancien temps. Mais si vous comptez (grossièrement) le nombre de personnes tuées à l’occasion de cette histoire, qui raconte à la fois certains faits réels et d’autres imaginaires, vous arrivez à un chiffre nettement supérieur à 1 million de morts. Sachant que les populations concernées étaient beaucoup plus petites qu’aujourd’hui, cela reflète bien la violence - inimaginable aujourd’hui - des mœurs de ce temps et l’habitude qu’avaient, à la fois Dieu et les hommes, de recourir à une violence extrême.
Vous prenez encore l’exemple de la violence des hommes préhistoriques, ou celle des «peuples premiers».
Oui. Les universitaires ont dénombré, à partir des cadavres d’hommes ou de femmes des temps les plus reculés retrouvés un peu partout sur la planète - «l’homme de Totavel», «Lucy», etc. - le nombre d’individus tués par leurs contemporains. Il apparaît que le nombre de cadavres portant des traces de violence administrées par des congénères est en proportion considérable. On aboutit à un taux de morts violentes supérieur à 10 %. Autrement dit, les pourcentages de meurtres par rapport à la population sont, à ces époques, environ 1 000 fois supérieurs au pourcentage que nous connaissons aujourd’hui en Europe.
Pour nos contemporains des pays occidentaux, le terrorisme est la forme de violence la plus spectaculaire et souvent la plus redoutée. Cette réalité vient-elle contredire votre diagnostic ?
Certainement pas. Le terrorisme est un phénomène terrible. Mais son importance statistique est minime. Cela correspond d’ailleurs à sa définition : ce sont des actes peu nombreux destinés à produire un effet psychologique massif. Les terroristes visent avant tout à manipuler les médias pour attirer l’attention sur une cause particulière. Statistiquement, le terrorisme d’aujourd’hui est infiniment moins dangereux que la jalousie des maris qui assassinent leurs femmes, ou le mauvais fonctionnement de certains appareils ménagers qui causent des accidents domestiques. J’ajoute qu’en Europe, le terrorisme jihadiste, qu’on appelle parfois «hyperterrorisme», cause moins de victimes que les terrorismes des années 70, ceux de l’IRA, d’ETA ou des «années de plomb» en Italie. En fait, son effet psychologique est important parce que la population estime aujourd’hui que le seul niveau acceptable de violence politique se situe aux alentours de zéro, alors qu’on se résignait dans le passé à des niveaux très supérieurs.
La sensibilité à la violence a augmenté alors que le nombre d’actes violents diminue… Comment l’expliquer ?
Parce que notre système de valeurs évolue. Nous accordons aujourd’hui à la vie humaine un prix très supérieur à celui du passé. C’est peut-être aussi parce que le nombre des accidents et des morts par maladie diminue lui aussi sans cesse. On meurt moins que par le passé de noyade, de chute inopinée, d’accident de voiture, d’incendies ou de maladie. Le monde est de plus en plus sûr, c’est un phénomène fondamental. Sauf bien sûr dans certains pays comme l’Irak ou la Syrie. Mais partout ailleurs, la sécurité de la vie quotidienne ne cesse de progresser.
En Europe, la violence est moindre qu’aux Etats-Unis…
L’Union européenne est l’ensemble politique où l’on observe le moins de violence depuis les origines de l’humanité. Les morts par action de guerre y sont rarissimes, et le taux de criminalité y est historiquement le plus bas de tous les temps. Le nombre des crimes est nettement supérieur aux Etats-Unis, même s’il a chuté de moitié depuis les années 90 pour remonter légèrement depuis deux ans.
Vous notez un phénomène qui risque de déplaire aux baby-boomers : la criminalité a connu une remontée importante aux Etats-Unis dans les années 60 et 70. Vous liez cette rechute à l’émergence d’une culture plus libre, plus permissive.
Je suis moi-même un baby-boomer et j’adhère à beaucoup de valeurs de cette génération. Mais c’est un fait que le taux de criminalité a progressé notablement pendant ces années-là, qui furent pourtant celles d’une grande prospérité et d’un faible taux de chômage. Je ne peux pas l’expliquer autrement que par l’évolution démographique, avec l’augmentation du nombre de jeunes dans la population, et par le changement des mentalités. Le contrôle social s’est relâché à la faveur de la montée de la contre-culture et de la libéralisation des mœurs. A cela s’est ajoutée la situation des minorités noires dans les quartiers les plus pauvres, chez les jeunes notamment. A la fin des années 80, les autorités ont réagi par des politiques plus resserrées, comme à New York, par des condamnations plus lourdes et par une montée du taux d’incarcération. Je ne dis pas que cela me plaît, mais je constate que la criminalité a repris depuis son mouvement de baisse.
Voilà qui flattera les idées des conservateurs…
Les conservateurs disent des bêtises dans 90 % des cas. Mais dans ces années-là, la gauche a commis une erreur tragique en négligeant le phénomène de l’insécurité. Elle en a laissé le monopole à la droite, qui a marqué des points politiques considérables.
Certains mettent en rapport des inégalités du système capitaliste et la violence contemporaine. Est-ce votre avis ?
Historiquement, c’est complètement faux. Le commerce, l’échange, la libre entreprise sont des sources d’apaisement des relations humaines. Il vaut mieux acheter des produits que les voler à son voisin, il vaut mieux produire de plus en plus pour partager le surplus plutôt que de s’enrichir par la rapine ou la conquête, comme c’était le cas avant l’émergence des économies d’échange. Le commerce oblige aussi les hommes à se connaître, à trouver des règles communes, à comprendre les civilisations étrangères. Il y a un proverbe très juste : «Si vous faites la guerre à votre boulanger, il faut apprendre à faire le pain vous-même.» La spécialisation de la production amène l’échange et l’échange oblige à des systèmes juridiques et politiques plus stables. Depuis l’émergence du capitalisme au XVIIe siècle, la violence sociale ne cesse de décroître en moyenne. Ce sont les inégalités qui sont un facteur de violence, en produisant de la pauvreté et de l’injustice.
Comment expliquer sur le long terme cette décroissance de la violence ?
Je cite trois facteurs essentiels. C’est d’abord la construction longue et patiente d’Etats organisés dont l’autorité a permis d’instaurer l’ordre, le respect des lois communes. Pendant longtemps, ces gouvernements royaux, impériaux ou dictatoriaux usaient eux-mêmes de violence. Mais ils ont aussi dissuadé la majorité de leurs contemporains de se tuer les uns les autres. C’est ensuite la naissance du mouvement des Lumières, qui a limité le pouvoir de l’Etat et créé des gouvernements représentatifs où la loi était l’expression de la volonté générale, et donc mieux acceptée, tout en favorisant les échanges et l’amélioration de la production. Peu à peu, sous l’influence des Lumières, les droits des citoyens ont été mieux respectés, leur sécurité mieux garantie contre les actions arbitraires des puissants et le règne de la loi mieux établi, ce qui a pacifié les relations sociales. Enfin, la montée en puissance des économies libres, régulées par la loi, a favorisé le commerce et les échanges, qui ont aussi pacifié la vie des sociétés. De toute évidence, la démocratie libérale, à condition qu’elle soit régulée, qu’elle ne devienne pas une jungle, est le système qui assure le mieux la diminution de la violence.
Vous décrivez un progrès continu, pour ainsi dire inexorable…
Non, je me situe sur le long terme. Dans cette perspective, la diminution de la violence est un phénomène massif et incontestable. Mais il peut y avoir des périodes de rechute, de recul, de régression bien sûr. L’homme se civilise mais il ne change pas en profondeur. Les pulsions, les frustrations, les tentations violentes demeurent et tout peut basculer très vite. Mais sur le long terme, la violence recule, de toute évidence.
Certains philosophes, et certains intellectuels, ont vu dans le XXe siècle et ses deux Guerres mondiales la preuve de la fausseté de la philosophie des droits de l’homme et de l’idée de progrès.
Non, les deux Guerres mondiales, le fascisme, le totalitarisme ont eu lieu justement parce que certains partis, certains hommes, avaient récusé la philosophie des Lumières, les droits de l’homme, la démocratie, au nom du sang, de la race, de la nation, de la lutte contre la décadence supposée des «démocraties bourgeoises». Cela ne démontre en rien la fausseté des Lumières, bien au contraire.
Un courant important en France diagnostique lui aussi la décadence des démocraties, le déclin de notre civilisation. En quoi votre livre leur apporte-t-il une réponse ?
La thèse du déclin des civilisations est éternelle. Schopenhauer, déjà, avait prophétisé le déclin de la civilisation des Lumières. Ce déclin ne s’est pas produit, au contraire. Mon livre est une réponse sur la question de la violence, qui est une dimension essentielle de la condition humaine. Il montre qu’il y a, dans ce domaine en tout cas, un progrès massif, continu, spectaculaire. En ce sens, il est clairement antidécliniste.
Est-ce une idée très répandue aux Etats-Unis ?
Sur la question de la violence, je ne suis pas le seul à poser ce diagnostic. Mais sur le progrès, la défense de la civilisation des Lumières, nous ne sommes pas nombreux. Mais j’ai un défenseur assez connu : Barack Obama. Il a dit que s’il avait été blanc ou noir, pauvre ou riche, homosexuel ou hétéro, et qu’il avait pu choisir l’époque dans laquelle il souhaitait vivre, il aurait choisi la nôtre.
N’êtes-vous pas comme le docteur Pangloss, dans le Candide de Voltaire, qui ne cesse de répéter que tout est pour le mieux dans le meilleur des mondes ?
Non, certainement pas ! Le docteur Pangloss disait qu’on ne pouvait pas rêver meilleur monde que celui dans lequel il vivait. C’était un pessimiste : le monde s’est beaucoup amélioré depuis. Notamment grâce à Voltair
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Fonte:  http://www.liberation.fr/debats/2017/11/17/steve-pinker-la-diminution-de-la-violence-dans-le-monde-est-un-phenomene-massif-et-incontestable_1610799?xtor=EPR-450206&utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=quot

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