sexta-feira, 14 de abril de 2017

Caso Odebrecht

Dilma e Odebrecht, uma “conflituosa” relação de benefício mútuo

Delatores dizem que ex-presidenta sabia de caixa dois e ilícito na Petrobras. Dilma nega em nota

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Dilma e Odebrecht, uma “conflituosa” relação de benefício mútuo

Delatores dizem que ex-presidenta sabia de caixa dois e ilícito

"No que tange a questões de caixa dois, tanto Lula quanto Dilma tinham conhecimento do montante, não necessariamente do valor preciso, mas da dimensão de todo o nosso apoio ao longo dos anos". Ex-presidente da maior empreiteira do Brasil, Marcelo Odebrecht deixa claro nos depoimentos de sua colaboração com a Operação Lava Jato que a ex-presidenta Dilma Rousseff tinha ciência de que foi eleita com dinheiro oculto de sua empresa. Mas isso não quer dizer que Odebrecht e Dilma se davam bem. Pelo que os dois dizem, aliás, muito pelo contrário.---------------------------------------------------------------------------
 
 
Em nota divulgada nesta quinta-feira, a petista diz que "o senhor Marcelo Odebrecht faltou com a verdade" em seu depoimento, e acrescenta, ainda em sua defesa, que o depoimento do empreiteiro evidencia a "relação distante, e em certa medida conflituosa" que mantinha com o herdeiro da Odebrecht. Caberá ao juiz Sérgio Moro, titular da 13ª Vara de Curitiba, decidir quem está mentindo sobre o caixa dois. Mas, ainda que a Odebrecht tenha conseguido manter seu acesso ao alto escalão do Governo, em especial o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, o conflito apontado por Dilma é de fácil identificação nas palavras dos delatores.
"Logo que a Dilma assumiu, toda vez que eu me encontrava com ele [Lula] ele fazia críticas de que Marcelo e ela não estavam se dando", conta Emílio Odebrecht. Apesar dos desentendimentos, Emílio, pai de Marcelo, conta que propôs a Lula ajudar seu filho caçula, Luís Cláudio Lula da Silva, com o projeto de promover o futebol americano no Brasil. "Disse que ele procurasse patrocinadores, falei sobre empreendedorismo, como se ele fosse um filho meu. Ajudamos financeiramente também", conta Emílio, que resume o resultado: "Marcelo passou a ter uma relação positiva com a Dilma. Eu tenho até que admitir isso: não tenho afinidade com a Dilma".
Apesar dos atritos ao longo do primeiro mandato, a Odebrecht teria garantido os 11 minutos e 24 segundos de tempo de televisão da campanha vitoriosa da reeleição de Dilma em 2014. O ex-executivo da empreiteira Alexandrino de Alencar diz que foi designado pelo coordenador da campanha de Dilma, o hoje prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva, de fechar o apoio de partidos como PROS, PRB e PCdoB. Segundo ele, cada partido levou cerca de 7 milhões de reais. Edinho teria lhe dito que essa orientação de negociar o apoio dos partidos vinha do comitê eleitoral de Dilma, que era composto por João Santana, Rui Falcão, Aloizio Mercadante, Gilles Azevedo e pela então presidenta.

Petrobras

Das duas petições que dizem respeito a Dilma nessa última leva de delações, a ex-presidenta aparece apenas uma vez como ciente de um ilícito cometido na Petrobras. "Especificamente em 2015, num encontro, já com a Operação Lava Jato deflagrada, já quando eu tive consciência de todos os depósitos que tinham sito feitos, posso relatar que mostrei para ela quantidade que poderia contaminar a campanha dela [já que eram repasses feitos para o marqueteiro João Santana]", conta Marcelo Odebrecht.
 
 

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