Lá como aqui

Olhaí, tô falando: outra impressionante semelhança entre a América de Trump e o Brasil.
Muito se fala na judicialização da política nacional. Sobrecarregado, o Supremo Tribunal Federal vem sendo chamado a dar a palavra final até sobre o afastamento de presidentes – do Executivo e do Legislativo.  
O assunto não é novo nem nas Américas nem em outras potências do Ocidente, mas ganha contornos tanto mais relevantes quanto maior é a insatisfação – ou incredulidade – do eleitor diante dos governantes saídos das urnas.
O jornalista Juliano Basile assina, no Valor de hoje (fechado para assinante), um ótimo artigo sobre a importância do judiciário na resistência às sandices de Donald Trump:

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Lá, como aqui, a oposição está anêmica, quase inoperante. O Partido Democrata levou uma surra na eleição de novembro, é minoria na Câmara e no Senado, anda anêmico e parece acuado.
O Poder Judiciário não se dá por vencido. Os procuradores arregaçaram as mangas. Resultado: os embates mais importantes com Trump vêm nascendo nos tribunais, e não no Legislativo.
Meu ponto: nossa Lava Jato precisa ser preservada para a manutenção da ordem democrática.
Nosso Poder Judiciário, à parte as exceções aqui e acolá (porque ninguém é ingênuo) tem se mostrado à altura dos anseios da sociedade.
Se permitirmos esvaziamentos de forças tarefas, se nos calarmos diante de mudanças descabidas nos quadros investigatórios, estaremos fechando os olhos à perigosa perda de nossos direitos civis.
O Brasil saiu a duras penas da ditadura que, no fim do século XX, prendeu, matou, arrebentou e custou décadas de desenvolvimento a várias gerações.
Neste início de 2017, sob o manto da democracia, políticos ladrões tentam tudo e mais um pouco para seguir usurpando o nosso dinheiro.
Ou fortalecemos o Poder Judiciário – e a cadeia policial que abastece suas investigações e sentenças – ou nos sujeitaremos a mais retrocesso, a mais violência, a menos saúde, a menos educação e a menos transporte.
Não é moralismo.
É o direito de ir e vir de nossos filhos e netos que está em questão.
Em nome deles, não temos o direito de nos calar diante das aberrações que, entra governo sai governo, brotam do Palácio do Planalto e do Parlamento. O mesmo vale para governos estaduais e municipais.