sábado, 13 de maio de 2017

" ESSE BRASIL "

No acordo de delação premiada, o casal de publicitários João Santana e Mônica Moura revelou os bastidores dos atritos entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff no ano de 2014, quando foi deflagrada a primeira operação da Lava Jato.
Segundo o relato dos marqueteiros, os dois não se entendiam em três pontos principais: a escolha de Graça Foster para a presidência da Petrobras — Lula reclamava que ela estava “fechando a torneira” para as empreiteiras; a condução da política econômica do país pelo ministro da Fazenda Guido Mantega — Lula queria trocá-lo por Henrique Meirelles; e a decisão de Dilma de querer disputar a reeleição em 2014 — Lula já pretendia naquele ano tentar o terceiro mandato.
Mais do que conduzir as últimas três campanhas presidenciais do PT (2006, 2010 e 2014), Santana era um dos principais conselheiros de Lula e Dilma. Fazia diagnósticos de cenários, pesquisas de opinião e era o responsável pela comunicação de programas vitrines, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. Em seu depoimento, disse que também exercia a função de pombo correio entre os dois mandatários.  Segundo ele, o padrinho sempre o acionava quando queria passar algum recado incômodo à sua afilhada política. “Havia um mal humor permanente do presidente Lula em relação a ela”, disse Santana. “Ele [Lula] sempre usava esse artifício de não falar diretamente de coisas constrangedoras com as pessoas. Sempre mandava recados. Quem viveu com ele sabe disso”, completou.
De todas as rusgas, no entanto, a que mais chamou a atenção dos procuradores foi a informação de que Lula — na condição de ex-presidente — dava pitacos sobre o comando da Petrobras. Segundo o marqueteiro, o ex-presidente “queria a cabeça” de Graça Foster, a quem considerava “incompetente e sem estatura para o cargo”, principalmente porque ela estava “fechando as torneiras” da estatal para as empreiteiras.
“Numa ocasião, ele [Lula] foi ainda mais incisivo: ‘Eu queria que você dissesse para Dilma que eu tenho recebido aqui uma procissão de empresários que prestam serviços para a Petrobras, que vêm reclamar de atrasos sistemáticos nas obras'”, disse ele, reproduzindo o diálogo que teve com o petista. “Diga a Dilma que, se pararem essas obras, vai ter um dano grande na campanha e para você que é marqueteiro também. Você vai ter que ir na televisão fazer programa de que a Petrobras que nós vendemos por eficiência e que foi motivo da minha reeleição…”, explicou.

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