Antes de ser levado para o presídio de Bangu, no Rio, neste 17 de novembro, Sérgio Cabral passou mais de dois anos praticamente recluso em casa. 

As manifestações de 2013, nas quais ele foi transformado no principal alvo no Rio de Janeiro, exigiram mudanças em sua rotina. 

O então governador do Rio deixou de ser visto em restaurantes e se tornou figura rara nas principais rodas políticas do país. Ainda assim, ele mantinha algum prestígio e conseguiu eleger o filho Marco Antonio Cabral para uma mandato na Câmara.

Cabral era uma figura em ascensão dentro do PMDB desde que se tornou governador do Rio, eleito em 2006. Ele se aproximou do então presidente Lula e passou a ser um importante interlocutor do governo. 

O tempo da bonança econômica e as vistosas obras do Rio realçaram o gestor. E, aos poucos, ele foi se mostrando também um político habilidoso. Conseguiu atrair o então tucano Eduardo Paes para o PMDB e o elegeu, por duas vezes, prefeito do Rio. 

Cabral conseguiu reerguer o PMDB no Estado e acabou entrando na lista de presidenciáveis do partido. Ele mesmo chegou a se insinuar para ser o vice na chapa de Dilma Rousseff.
    
Por mais de oito anos, a gestão peemedebista no Rio era vista como um  sucesso. O Rio mudou. Mudou de patamar na administração, na segurança. A auto-estima dos cariocas foi para as alturas – como também o preço dos imóveis na cidade do Rio de Janeiro. 

Mas o projeto se esgotou. O preço do petróleo, principal fonte de renda no Estado, caiu de forma significativa, enquanto as despesas continuaram subindo. Em dois anos, o sonho acabou. Com sua situação fiscal, o Rio hoje é chamado por muitos de "Grécia". Quebrou.

A gravíssima situação fiscal do Estado é conhecida no mesmo momento em que as investigações da Lava Jato mostram que Cabral recebia mesadas milionárias de empreiteiros. As viagens, os jantares, e as jóias com que presenteava sua mulher... Tudo isso contrasta com a situação do cofre do Estado. Vazio.

Uma das principais consequências da prisão de Cabral se dá no governo de Luiz Fernando Pezão. Agora, ele terá ainda mais dificuldade para obter apoio da Assembleia para aprovar o pacote de austeridade a fim de reequilibrar as finanças do Estado.

O que era difícil agora fica pior.