sábado, 28 de fevereiro de 2015

" Até nisso o Brasil é ruim,nada bem feito " ...

 CLAUDIO HUMBERTO

“Parece que aumentou um pouco o risco”
Rodrigo Janot, procurador-geral da República, sobre ameaças à sua segurança


Pode ter sido ‘plantada’ escuta na casa de Janot

O arrombamento da casa do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulgado ontem no site DiáriodoPoder.com.br, pode ter sido obra de espiões para “plantar” escutas ambientais ilegais. A suspeita surgiu após a constatação de que os invasores nada levaram, nem mesmo uma pistola do dono da casa, com três pentes de bala. Apenas foi levado, estranhamente, o controle remoto do portão da garagem.

Tempo suficiente

O arrombamento foi há um mês. Janot estava com a filha na Disney. A invasão durou 8 minutos, suficientes para ocultar micro escutas.

Arapongagem

No começo, o procurador atribuiu o arrombamento a bandidos comuns, mas agora há a suspeita de ação ligada a investigados da Lava Jato.

Agentes privados

Suspeita-se que tanto as supostas ameaças quanto a invasão da casa de Janot são obra de “agentes privados” interessados na investigação.

Novo patamar

Rodrigo Janot foi desaconselhado a usar aviões de carreira, e ontem, já sob forte proteção, viajou ara Minas em um jatinho da FAB.

Multa por bloqueio pode ser aplicável ao MST

O Ministério da Justiça abre a possibilidade de ser estendido a outros casos de obstrução de rodovias, como aqueles patrocinados pelo MST e entidades do gênero, as pesadas multas de até R$ 10 mil aplicadas por hora nos caminhoneiros que há dias protestam contra o governo. O ministério lembra, no entanto, que o caso dos motoristas de caminhão é específico e que a multa aplicada decorre de decisões judiciais.

Leis existem

A legislação penal e o código de trânsito preveem outras punições que podem ser aplicadas pela polícia, em caso de obstrução de estradas.

Nem me fale

Dilma continua reagindo com irritação sempre que alguém menciona o desejo do ex-deputado Henrique Eduardo Alves de virar ministro.

Santo Eduardo

O presidente da câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fascina tanto os políticos de Brasília que os fez esquecer, digamos, sua folha corrida.

Só na primeira instância

O assédio para que Joaquim Barbosa assumisse a defesa de empreiteiros rolados no roubo à Petrobras, não ignorava a quarentena a que ele está submetido, sem poder atuar junto do Supremo Tribunal Federal. Eles o queriam atuando em juizados de primeira instância.

Reforma no Senado

Enquanto a reforma politica não vem, outra ampla e movimentada reforma começou, nesta sexta, no gabinete de Renan Calheiros na presidência do Senado: a de móveis, cadeiras, portas e armários.

Pisou na bola

Deve se complicar na Lava Jato a situação do deputado Paulinho da Força (SD-SP), após ter sido arrolado como testemunha de defesa do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e coordenador do esquema.

Fatura

O Palácio do Planalto pressiona líderes aliados para aprovação das medidas provisórias 664 e 665, que alteram benefícios previdenciários. Quer que os textos sejam aprovados sem alteração.

Ministros a postos

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-SP), garantiu que todos os ministros vão comparecer à Casa para dar explicações nas audiências provocadas pelo presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Só encrenca

A cúpula do PMDB não gostou de saber que Leonardo Picciani (RJ) teria feito acordo para apoiar Leonardo Quintão (MG) à sua sucessão na liderança, em 2016. O mineiro é malvisto no Planalto.

Cara Autoridade

O general Fernando Azevedo e Silva, presidente da Autoridade Pública Olímpica, subjugada à Presidência, recebe por mês pouco mais de R$ 21 mil. Mas nos meses de dezembro ganha mais de R$ 36 mil.

Consumidor que se dane

A Claro enxuga pessoal e não avisa: após 22h, cliente que pede socorro só ouve musiquinha irritante para qualquer serviço digitado. Já o Credicard nem atende mais depois desse horário.

Olho que tudo vê

Quem digitar no Google “o maior mentiroso do mundo” vê Lula no topo dos resultados. E a busca por “olho baixo” aponta Nestor Cerveró.


PODER SEM PUDOR

Latindo por votos

Na campanha de Tancredo Neves ao governo de Minas, em 1982, o deputado Ronan Tito espalmava a mão e perguntava que número era aquele. O povão respondia "Cachorro!", numa alusão ao jogo do bicho.

- Pois Tancredo será o cachorro que vai expulsar os ladrões do Palácio da Liberdade! - exclamava Tito.

A estratégia de gosto duvidoso preocupava os amigos de Tancredo, que provocaram uma reunião sobre o assunto. O vice Hélio Garcia discordou:

- Se for para ganhar a eleição, tem até que latir...

" Dose Errada "

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 EDITORIAL FOLHA DE SP

       FOLHA DE SP - 28/02

Pecando pelo exagero, medidas anunciadas pela equipe econômica estrangulam ainda mais empresários e trabalhadores

A equipe econômica da presidente Dilma Rousseff (PT) anunciou mais contenções de despesas e aumentos de impostos para mostrar que o governo cumprirá a meta de redução de seu deficit, sejam quais forem os meios necessários.

O caráter vago e brutal da sucessão de medidas causa, porém, insegurança que pode ter efeitos contraproducentes, um abalo adicional na já escassa confiança de empresários e consumidores.

Os ministérios da Fazenda e do Planejamento pretenderam atenuar dúvidas crescentes sobre a viabilidade do ajuste nas contas públicas e, assim, evitar o aumento do descrédito das finanças federais e mais degradação econômica.

Mas não há estimativa realista de receita e despesa que oriente os cortes de gastos e aumentos de impostos. É por demais escassa a informação disponível para debater a dosagem do ajuste e dos meios mais eficientes e justos de implementá-lo. É incerta a distribuição de sacrifícios pela sociedade.

Compreende-se que a equipe econômica esteja sobrecarregada. Ainda tenta dar conta das despesas deixadas pelo primeiro governo Dilma. Não sabe quão frustrante será a arrecadação deste ano.

Vislumbra, além disso, as dificuldades políticas de aprovar as medidas de arrocho no Congresso e, agora, dentro do próprio governo, pois o ministério da Fazenda decretou limitação draconiana, talvez inédita, de despesas.

A equipe econômica ainda terá de lidar com a oposição de diversos setores sociais às medidas de ajuste. Entre as mais controversas, haverá corte de certos benefícios trabalhistas e será cancelada ao menos metade das desonerações da folha de pagamento concedidas a empresas, o que terá efeitos negativos no emprego e nos preços.

Ministrado nas doses exageradas ora propostas, o remédio adotado pelo governo estrangulará ainda mais o setor produtivo do país, com consequências que se farão sentir pelo conjunto da sociedade --um típico caso em que se mata o doente para curar a doença.

Fazenda e Planejamento precisam ser mais transparentes, de modo a permitir soluções pactuadas, mais eficientes e socialmente justas. Foi por obscurecer a real situação das contas públicas que Dilma Rousseff, em seu primeiro mandato, conduziu o país à lamentável situação que enfrenta agora.


Não será possível corrigir um erro --a ruína das contas públicas-- insistindo em outros. A imprevisibilidade e a insegurança criada pelos decretos fiscais podem produzir efeitos daninhos nos ânimos econômicos, suscitar demasiado conflito social e político e até minar a confiança em um programa que parece promissor.

O Desespero ,desesperados....
e o povo ??? parado !!!

" Apelou , perdeu "

 EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 28/02

A frágil democracia brasileira vive momentos de tensão. 
Às dores do ajuste fiscal, que já provocam reações de insatisfação entre os políticos (Orçamento) e consumidores (inflação), soma-se a crescente indignação com as revelações do escandaloso esquema de corrupção na Petrobras. 

Nessas horas de pressão, em que o governo e seus apoiadores se sentem acuados pelos fatos que eles mesmos produziram, deve a cidadania ficar atenta e reagir às demonstrações de truculência e antidemocracia observadas nos últimos dias.

A temperatura subiu às vésperas de se tornarem conhecidos os políticos envolvidos no petrolão, o megaesquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava-Jato da Polícia Federal. O nome deles deve ser levado na próxima semana ao supremo tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.



Enquanto isso, os brasileiros acompanham com perplexidade manifestações de destempero e comportamentos questionáveis de autoridades do governo, de seu principal partido e até de seu maior líder. Não bastasse a preocupante demonstração de inércia da presidente Dilma Rousseff ante o gravíssimo rebaixamento da Petrobras à condição de pagadora sob suspeição por importante agência internacional de risco de crédito, com efeitos negativos no mercado financeiro, a recepção não divulgada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de advogados de empresários presos pela Operação Lava-Jato disseminou a suspeita de que o governo estaria empenhado em encontrar meios de livrar as empreiteiras acusadas.


Cardozo voltou às manchetes na sexta-feira. Tão mal como tratou a bem-sucedida manifestação de caminhoneiros contra os preços dos combustíveis e o aumento dos pedágios, o ministro foi ao procurador-geral comunicar que a inteligência do Estado descobriu que Janot corria risco de sofrer atentado. O ministro não fez declarações públicas, mas a ampla divulgação do encontro soou como algo a intimidar eventual pedido de autorização ao STF para abertura de inquérito contra parlamentares por Janot.

Mas isso não é tudo. Claramente preocupado com o andamento das investigações da Lava-Jato, o ex-presidente Lula mergulhou de cabeça no esforço marqueteiro de promover manifestações em "defesa" da Petrobras, na tentativa de empurrar para a opinião pública a miragem de que tudo não passa de trama para desvalorizar a estatal e facilitar sua privatização.


Foi num dos eventos dessa campanha, na Associação Brasileira de Imprensa, no Rio, que a presença de Lula atraiu opositores dispostos a vaiá-lo. Do lado de fora, a mídia registrou cenas que fizeram lembrar a pobre Venezuela de Nicolás Maduro, com enfrentamentos físicos patrocinados pela direção do PT fluminense. Eram militantes que seguiam a preocupante orientação do ex-presidente. Lula incitou os militantes a responder às agressões com atos de força e ameaçou os opositores com a convocação do que chamou de "exército do Stedile", líder do movimento em favor da reforma agrária.

Não é disso que o Brasil precisa. Pelo contrário. É nos momentos difíceis que as nações democráticas têm de contar com líderes à altura do povo. Eles transmitem a serenidade que impede que o aquecimento dos ânimos leve as coisas na direção oposta à do entendimento. Mais do que nunca, Lula deveria conhecer a máxima popular: apelou, perdeu.
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" Esperando Janot "

Realidade: País da Piada Pronta...e essa piada ,o samba enredo,leva ao buraco o País,e o povo vendo...povo não pensante,País fraco sem foco,e governo ditatorial ....

 ALBERTO DINES

GAZETA DO POVO - PR - 28/02

No país da piada pronta, angústias e aflições são crimes de lesa-pátria, daí as gozações em torno do suspense armado antes da divulgação da lista de parlamentares e políticos citados na Operação Lava Jato e prometida há semanas por Rodrigo Janot, procurador-geral da República.

Paráfrase óbvia, quase obrigatória e quase homônima, relaciona-se com o título da peça Esperando Godot (1952), do irlandês francófono Samuel Beckett, marco do teatro do absurdo que poucos viram, menos ainda entenderam e todos usam abundantemente.

Godot promete e não chega, a espera é, em si, o não evento central, acionador de contrassensos, ilógica e disparates. Janot, ao contrário, está sempre presente, atento, figura de proa na arquitetura republicana, cargo máximo do Ministério Público, hoje considerado em muitas partes do mundo como o verdadeiro Quarto Poder.

Justifica-se a demora: denota cuidado, zelo, senso de responsabilidade. A lista é transcendental mesmo antes de conhecidos os nomes que a integram, todos aptos a serem denunciados e depois julgados pelo STF. As pressões são enormes; apesar do segredo que envolve a seleção dos implicados nos processos investigados pela Polícia Federal, alguns nomes escaparam para o noticiário.

A nominata é naturalmente explosiva: pode alterar a composição do governo, seu esquema de apoio, a escolha dos candidatos à sucessão presidencial e, sobretudo, inúmeras biografias. Algumas armazenadas em sites de busca, outras já publicadas.

A residência de Janot foi arrombada em janeiro, o governo preocupa-se com a sua segurança e a tensão da campanha eleitoral, longe de arrefecer com a posse dos eleitos, aumentou assustadoramente. Sucedem-se brigas entre militantes, o jogo sujo oriundo das torcidas organizadas começa a comprometer o sagrado direito de expressão, a convivência entre contrários e a paz social.

Em represália a um estúpido ato de hostilidade contra o ex-ministro Guido Mantega no lobby de um hospital paulistano onde a sua mulher se trata de um câncer, o ex-presidente Lula convocou a militância a reagir às provocações: pretendia baixar a fervura, só a aumentou. Essa fervura não baixará com veemências dirigidas a ativistas políticos; o momento pede atos de estadistas voltados para sossegar uma sociedade ressentida e perplexa.

A espera por Janot serve para desativar animosidades num ambiente perigosamente volátil, onde tudo funciona como pretexto para radicalizações. Mas serve igualmente para exacerbá-las. Não foi prudente a ideia de convocar um grandioso ato público em defesa da Petrobras para a sexta-feira, 13 de março – exatos 51 anos depois do comício na Central do Brasil, fatídico gatilho para a quartelada que empurrou o país para a trágica ditadura militar.

A estatal brasileira não está ameaçada pelos trustes internacionais nem pelo imperialismo ianque; seus algozes são gente nossa, partidos e prepostos brasileiros que “tascaram” (para usar a linguagem de João Pedro Stédile) um patrimônio nacional que conseguiu sobreviver e prosperar ao longo de 63 anos a despeito das drásticas mudanças de governo.

Esperando Godot é uma vivência pessimista sobre impasses, dolorosas expectativas, desesperança, filha dos horrores da 2.ª Guerra Mundial e da pérfida Guerra Fria que a sucedeu.
Esperando Janot pode ser uma aposta no aperfeiçoamento das instituições democráticas. Sobretudo, na nossa capacidade de julgar e punir com isenção.

" A Hora e a História "

 DEMÉTRIO MAGNOLI

    FOLHA DE SP - 28/02Resultado de imagem para brasil bandeiras imagens

A história não é a hora.
Dilma vai passar, cedo ou tarde. 
Ela não vale o preço da redução do Brasil a um Paraguai





O governo Dilma 2 acabou antes de começar. Batida pelo turbilhão da crise que ela mesma engendrou, a presidente perdeu, de fato, o poder, que é exercido por dois primeiros-ministros informais: Joaquim Levy comanda a economia; Eduardo Cunha controla as rédeas da política. Na oposição, entre setores da base aliada e, sobretudo, nas ruas, a palavra impeachment elevou-se, de murmúrio, à condição de grito ainda abafado. É melhor pensar de novo, para não transformar o Brasil num imenso Paraguai.

Nos sistemas parlamentares, um voto de desconfiança do Parlamento derruba o gabinete, provocando eleições antecipadas. No presidencialismo paraguaio, regras vagas de impeachment conferem aos congressistas a prerrogativa de depor um chefe de Estado que não enfrenta acusações criminais. Um parecer de Ives Gandra Martins sustenta a hipótese de impedimento presidencial por improbidade administrativa, mesmo sem dolo. Na prática, equivale a sugerir que Dilma poderia ser apeada com a facilidade com que se abreviou o mandato de Fernando Lugo. A adesão a essa tese faria o Brasil retroceder do estatuto de moderna democracia de massas ao de uma democracia oligárquica latino-americana.

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Não são golpistas os cidadãos que fazem circular o grito abafado. Dilma Rousseff tornou-se um fardo pesado demais. Lula deu o beijo da morte no segundo mandato da presidente ao lançar sua candidatura para 2018 antes ainda da posse. No ato farsesco de "defesa da Petrobras", o criador da criatura emitiu sinais evidentes de que, em nome de sua campanha plurianual, prepara-se para assumir o papel um tanto ridículo de crítico do governo. Diante de uma presidente envolta na mortalha da solidão, os partidos oposicionistas parecem aguardar uma decisão das ruas. Fariam melhor oferecendo um rumo político para a indignação popular.

Antes de tudo, seria preciso dizer que, na nossa democracia, a hipótese de impeachment só se aplica quando há culpa e dolo. O complemento honesto da sentença é a explicação de que, salvo novas, dramáticas, informações da Lava Jato, inexiste uma base política e jurídica sólida para abrir um processo de impedimento da presidente. Contudo, só isso não basta, pois o país não suportará mais quatro anos de "dilmismo", essa mistura exótica de arrogância ideológica, incompetência e inoperância.



"Governe para todos --ou renuncie!". No atual estágio de deterioração de seu governo, a saída realista para Dilma é extrair as consequências do fracasso, desligando-se do lulopetismo e convidando a parcela responsável do Congresso a compor um governo transitório de união nacional. O Brasil precisa enfrentar a crise econômica, definir a moldura de regras para um novo ciclo de investimentos, restaurar a credibilidade da Petrobras, resgatar a administração pública das quadrilhas político-empresariais que a sequestraram. É um programa e tanto, mas também a plataforma de um consenso possível.

"Governe para todos --ou renuncie!". O repto é um exercício de pedagogia política, não uma aventura no reino encantado da ingenuidade. As probabilidades de Dilma romper com o lulopetismo são menores que as de despoluição da baía da Guanabara até a Olimpíada. Isso, porém, não forma uma justificativa suficiente para flertar com o atalho do impeachment. Se a presidente, cega e surda, prefere persistir no erro, resta apontar-lhe, e a seu vice, a alternativa da renúncia, o que abriria as portas à antecipação das eleições.

Dilma diz que a culpa é de FHC. Lula diz que é da imprensa, enquanto reúne-se com o cartel das empreiteiras. A inflação fará o ajuste fiscal. Por aqui, os camisas negras usam camisas vermelhas. A justa indignação da hora faz do impeachment uma solução sedutora. Mas a história não é a hora. Dilma vai passar, cedo ou tarde. Ela não vale o preço da redução do Brasil a um Paraguai.

" A Vida em Cinza "

dianamcorso@gmail.com
Psicanalista


Imagine que você fabrique um produto qualquer: uma esponja de aço, por exemplo. Seu sonho de empresário seria tornar-se Bombril, que em nossa língua é sinônimo desse objeto. Agora imagine que os amantes almejassem o mesmo: ser tão perfeitos um para o outro que suprimissem a concorrência. Esse é o segredo de Christian Grey e Anastasia Steele, protagonistas de um amor absoluto em “50 tons de cinza”, escrito pela norte-americana Erika Leonard James.

Respeitosos às leis do mercado, os amantes da história reúnem-se em torno de uma mesa de negociações para acertar detalhes de seu contrato. Não se trata de um casamento, mas sim de um código de comportamento sexual, submissão e domínio. O acordo não é pacífico, há escaramuças e desentendimentos, como em qualquer novela romântica, mas é para apimentar o final feliz, que se dá ao cabo de três volumes e filmes.

Numa cartada só, a Sra. James conseguiu suprimir a maior parte das interrogações e tormentos que nos preenchem e ocupam. Gastamos a existência a indagar qual nosso valor e o que gostaríamos de conquistar, o que é ser um homem e o que é ser uma mulher. Além disso, atrapalham-nos para amar as lembranças infantis do prazer e do terror de ser subjugados e protegidos. Para Christian e Anastasia está quase tudo resolvido.

Eles são virgens, ela de corpo e ele de coração. Ele é riquíssimo, jovem e belo. Sim, os príncipes ainda existem. E como as Cinderelas também, esse cobiçado solteiro fica mesmerizado quando pousa os olhos na desmilinguida universitária que aparece para entrevistá-lo para um jornalzinho de faculdade. O que ocorre entre os dois é um desejo incontrolável à primeira vista, que logo se transforma em juras de amor.

Rapidamente a relação torna-se o negócio mais importante para ele e o projeto de vida prioritário para ela. Ele quer subjugar-lhe o corpo, mas acaba entregando-lhe a alma. Ela cobiça possuir a alma dele, mas entrega seu corpo com um prazer minuciosamente descrito. Apesar dos chicotes, cintos e palmatórias próprios da cena sadomasoquista, o livro difere das clássicas publicações do gênero ao dedicar grande espaço à exploração do corpo e dos prazeres femininos, dos quais Anastasia goza amarrada e amordaçada.

Pense bem nas suas dúvidas: você nunca sabe direito o que quer nem o que precisa para ser desejável. Além disso, sente-se ambivalente quanto aos prazeres da carne, nos quais sempre fantasia um tanto a mais do que realiza. Como as mulheres nunca tiveram um destino em aberto, o recato era imprescindível e as escolhas restritas, o leque dessas vacilações era para elas menos explícito. Com a liberdade, ganharam o benefício e o inferno das dúvidas. E. L. James tem a resposta para todos esses males: não enxergue cores, atenha-se ao cinza e viva uma vida Bombril.

" O Desbloqueio Do País "

Editorial| 

Zero Hora
Editorialsab
No dia em que a presidente Dilma Rousseff inaugurou o parque eólico de Geribatu, em Santa Vitória do Palmar, um dos eventos programados pelo governo para reverter a agenda negativa do país, o confronto entre forças policiais e caminhoneiros na cidade gaúcha de Três Cachoeiras acabou se impondo como fato principal no noticiário nacional ao lado do bloqueio da Via Dutra, entre São Paulo e Rio de Janeiro. Mesmo com decisões judiciais e operações policiais, o protesto dos condutores de caminhões interrompeu o trânsito ontem em dezenas de rodovias de pelo menos sete Estados, incluindo Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

O momento de radicalismo é preocupante, agravado pela imprevisão do governo federal e por sua inaptidão para o diálogo. Surpreendido pelo movimento, o Palácio do Planalto tentou primeiro atribuir-lhe conotação política e, tão logo começou a negociar, precipitou-se em dizer que a situação estava controlada. Não está. As interrupções de estradas continuam causando prejuízos irreparáveis à população, notadamente a setores da economia que trabalham com produtos perecíveis, como hortifrutigranjeiros e leite.
Para sair do imobilismo, o governo precisa agir com energia e sensibilidade em duas frentes. Primeiro, tem que providenciar o desbloqueio imediato das rodovias de forma civilizada mas firme, tratando extremistas e desordeiros como devem ser tratados, para que os profissionais responsáveis possam decidir serenamente se querem ou não participar dos protestos. Ao mesmo tempo, tem que intensificar as negociações e oferecer aos caminhoneiros condições dignas de trabalho, já que a atividade ficou praticamente inviabilizada com o reajuste dos combustíveis, os pedágios caros e o baixo preço dos fretes.
Na verdade, o Planalto está sendo desafiado a desbloquear o país, não apenas desobstruindo estradas, mas também promovendo os ajustes econômicos necessários e fazendo as concessões possíveis a setores que precisam de ajuda. No dia em que celebrou vento de Santa Vitória do Palmar como fonte de energia limpa e barata para ajudar no combate à atual crise hídrica, a presidente Dilma evitou tocar nas outras mazelas que atormentam o país _ a crise ética evidenciada pelo escândalo da Petrobras, a crise econômica evidenciada pela inflação e a crise política evidenciada pelo instável apoio parlamentar.

 Ainda assim, até mesmo os manifestantes que pedem a sua saída devem torcer para que ela acerte nas suas decisões, pois, como disse o filósofo Sêneca, se o comandante não sabe para onde ir, nenhum vento lhe será favorável.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

" CUidado : O PT quer defender a Petrobras "





Os petistas estão quase me convencendo de que a Petrobras tem de ser privatizada. Eu era figadal, intestinal e cerebralmente contra a privatização, mas eles estão me abrindo os olhos. Imagine você, estupefato leitor, que um grupo de petistas botou camisas vermelhas e saiu por aí, gritando “em defesa” da Petrobras. Mas como? Os petistas defendendo a Petrobras? Contra quem?

Juro que fiquei confuso e, quando fico confuso, apelo para a matemática. Faço uma espécie de teorema para tentar entender o assunto. Então, vamos lá. Temos um problema a resolver, resumido na seguinte pergunta: contra quem a Petrobras deve ser defendida? Os dados concretos:

1. A Petrobras está sendo mesmo roubada. Isso está provado de sobejo.

2. A revelação do roubo prejudicou a empresa, o valor de suas ações despencou e ela está sendo olhada com desconfiança por investidores. Isso também é fato.

3. Conclusão: a Petrobras precisa realmente de defesa.

Com o que, voltamos à questão original: quem são os responsáveis? Talvez o roubo venha desde a década de 50, quando Getúlio Vargas discursava no São Januário e dizia que o petróleo era nosso. Talvez tenha havido roubo quando Ernesto Geisel foi presidente da Petrobras, quando Shigeaki Ueki anunciou a descoberta de petróleo no mar do Rio de Janeiro, quando Sarney, Collor e Fernando Henrique foram presidentes da República. Talvez. Se esse roubo pretérito for comprovado, que sejam manchadas as memórias dos ditadores Vargas e Geisel e que sejam punidos os vivos.

Só que há mais de 12 anos a Petrobras está sendo controlada por governantes do PT. E são 12 anos de roubo comprovado. E as investigações apontam que, nesses 12 anos, o roubo foi sistematizado, tornou-se um roubo orgânico e metódico.

Doze anos... Transforme esse tempo em bilhões de dólares, tente imaginar o tamanho do que foi subtraído do país e se assombre.

Doze anos... Vamos acreditar que nenhum petista tenha posto a mão em qualquer centavo sujo nesse tempo todo. Vamos acreditar que a corrupção não serviu ao projeto de eternização no poder do PT. Sejamos crédulos: os outros roubaram; eles, não. Mas, em 12 anos, eles não viram nada? Eles estavam no comando da Petrobras, e não perceberam nem um único bilhãozinho sendo desviado? Neste caso, o PT foi de uma incompetência retumbante, coisa nunca vista na história da administração pública mundial.


Pensando nessa óbvia, clara e corrosiva incompetência, não em desonestidade ainda não julgada, concluo que os petistas não têm moral para sair à rua em defesa da Petrobras. Os petistas dizem que algo tem de ser feito com a Petrobras? Faça-se o contrário. Petistas gritam que a Petrobras não pode ser privatizada? Opa! Aí está uma forte indicação de que a Petrobras talvez tenha de ser privatizada. Porque a Petrobras tem de ser defendida, sim. Defendida de quem a rouba e de quem a comanda e não vê quem a rouba. Defendida do PT.

" O Trote e o Nosso Atraso "

PASQUALE CIPRO NETO


É dessa alta nobreza que sai a nossa "elite". Gente burra e besta, com muitas e gloriosas exceções, é claro
Dona Antônia certamente vai escrever para mim. Dona Antônia fica muito triste quando digo algo que desabone "o nosso maravilhoso Brasil, um país lindo, tropical, onde não há vulcões, tornados, tsunamis etc.". Dona Antônia mora num condomínio duma cidade paulista, famosa justamente por seus condomínios (fechadíssimos). A existência de um sem-número desses condomínios país afora prova que "o nosso Brasil é mesmo maravilhoso".

Sinto muito, Dona Antônia, mas a senhora vai ficar triste novamente. Re/começaram as aulas nas nossas universidades, e com elas veio outra prova inconteste do nosso secular e incurável atraso.

Repito Paulo Freire: "A leitura do mundo precede a leitura da palavra". A barbárie que se vê todos os anos na boçal prática do trote nas nossas "universidades" comprova o que Joaquim Nabuco escreveu há mais de cem anos: "A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil".
O que é essa estupidez sem fim senão a perpetuação de uma prática que tem por trás a ideia de que calouros são escravos de veteranos, que, por sua vez, quando calouros, foram escravos de veteranos, que, por sua vez, foram escravos de veteranos, que, por sua vez, foram...

Há algum tempo, participei de um programa de TV no qual se discutiu o trote. Eu disse o que penso de QUALQUER trote (o assassino, o "solidário", o "cidadão" etc.): é pura ditadura, já que não se concede à vítima a hipótese do não. É proibido recusar. Eu era um estranho no ninho... Fui motivo de troça.

Acabara de ocorrer um caso medonho numa faculdade de medicina, em que um calouro foi queimado. Eu disse que é inconcebível que numa escola de medicina se pratique tamanha barbárie. Recebi mensagens de médicos e futuros médicos que me perguntavam o que eu tinha contra eles... Talvez tivesse sido melhor não responder, mas eu disse que, a priori, contra médicos e futuros médicos não tenho nada, mas contra monstros burros tenho tudo.

Foi preciso que corajosas alunas da medicina da USP resolvessem denunciar o nojo que se dá nas "festinhas" para que a faculdade descobrisse a pólvora: nada de orgias, digo, nada de festas na faculdade (e nada de barbárie, também). A tragédia com o estudante chinês não bastara para pôr fim ao ritual macabro.

Quando olho para um médico, fico com vontade de perguntar-lhe se ele participou dessa estupidez quando aluno. Quando entrevistei o grande e querido escritor e médico Moacyr Scliar, meu companheiro de feiras do livro Brasil afora, disse-lhe que não confio em médicos que não leram Fernando Pessoa, Machado de Assis etc. Ele sorriu, como que concordando com o pensamento.

O que se faz na Esalq (da USP, em Piracicaba) é o atraso do atraso do atraso. Calouros são levados de madrugada a um canavial, onde são abandonados. Detalhe: a única coisa que se lhes deixa é uma garrafa de cachaça. Sem comentários.

É dessa alta nobreza que sai a "elite" do Brasil. Gente insensível, cega, burra e besta, com muitas e gloriosas exceções, é claro.
Dilma Rousseff, que foi torturada, não entende ou finge que não entende que trote é tortura. Nem ela nem todos os presidentes antecedentes. Nem eles nem todos os ministros da Justiça da história deste infame país, Dona Antônia. A leitura da realidade precede a leitura da palavra, caro leitor. É isso.

" Case com seu melhor amigo "


Eu nunca sabia o que passava


 na cabeça dele. Se ele estava quieto porque estava quieto. Se estava quieto porque estava aborrecido. Se estava quieto porque estava de saco cheio. De mim. Sofria em silêncio. Eu e minhas unhas. Respirava aliviada quando ele falava. E a relação respirava de novo.

Não tinha certeza se ele era feliz no trabalho, feliz na vida, feliz comigo. Se pensava na ex-namorada, se sonhava com outras mulheres, se flertava por aí. Tinha dores de barriga se o telefone tocava em vão. E engolia a dor de barriga para não ser a chata que pergunta por que o telefone tocou em vão.


Não foi apenas uma vez. Namorei alguns estranhos. Porque eram, enfim, estranhos. Homens com quem eu dividia a vida, a rotina, a mesa do café, as sacolas do supermercado, o controle remoto, a louça suja, a panela de brigadeiro, as festas, a mesa no restaurante, o braço da poltrona do cinema. Menos a intimidade.

Eu conhecia de cor a sua nudez. A marca de nascença, a pinta na bunda, a cicatriz no joelho, a mecha branca no cabelo. Seus tiques. A mexida nos óculos, a levantada de ombro, a ajeitada no quadril com as duas mãos.

Sabia o número do CPF, o tamanho do sapato, a pizza favorita, se ele preferia 'chicken or pasta', se dormia de ladinho ou de bruços. Sabia tudo. Menos o que passava em sua cabeça.

A gente acredita que intimidade é dizer eu te amo, compartilhar a escova de dente, ter conta conjunta, saber a senha do celular. Durante muito tempo me convenci que as relações eram assim. Que intimidade tem limite.

Que proximidade é utopia. Que ninguém precisa saber tudo do outro. Que pra dar certo precisa de amor, tesão e um saco de paciência. Só.
A gente acha que sabe bastante sobre tudo isso. Amor. Tesão. Saco de paciência. Até descobrir que intimidade não tem nada a ver com contas para pagar, senhas ou orgasmos múltiplos. Nada disso tem importância.

Enquanto a gente procura a alma gêmea, esquece de olhar o que importa. Quer alguém que goste de comida tailandesa, filmes iranianos e retiros espirituais. Encontra a tampa da panela. E meses depois, ou anos depois, se dá conta de que passou tempo demais tentando encaixar aquela tampa perfeita em sua panela amassada. Passou tempo demais dividindo intimidade de mentira com um estranho de verdade.

Percebi que não sabia nada daquela pessoa com quem eu dividia tudo, a gente fala.

Descobri na marra que amor só dá certo quando a intimidade é mais complexa - e ao mesmo tempo mais simples - que a trama de lençóis egípcios de 1800 fios. Difícil não é aprender a gostar de filme iraniano, mas baixar a guarda e se despir emocionalmente.


Os silêncios agora confortam. Intimidade verdadeira traz paz, segurança e confiança. Não preciso saber o que o outro pensa para saber que só pensa as melhores coisas para nós dois. O que temos um com o outro é mais do que o compromisso de comprar um sofá novo ou financiar um apartamento.

Pra ele nada do que eu sinto é frescura. Nenhum dos meus medos são minimizados. Falo o que penso. Muitas vezes nem preciso falar. Sou o que sou. Muitas vezes, insuportável. Ele está ali, naquela camada da intimidade em que somos insuportáveis e que bem pouca gente aguenta. Naquela camada em que somos insuportavelmente de verdade.


Foi nesse nível de intimidade que entendi o que é ter alguém que seja amor, amante, parceiro, mas principalmente amigo. "Homens são extremamente leais aos seus amigos. Casais que são amigos têm relações sólidas e transparentes porque são baseadas na lealdade. A mulher que é a melhor amiga do seu parceiro acertou na Mega-Sena", disse meu personal doctor Freud.

Quem mesmo precisa de alma gêmea, quando pode passar o resto da vida com o seu melhor amigo, melhor amor, melhor tudo?! A única parte ruim - claro, tudo tem uma parte ruim - é que quando a gente briga, não posso ligar pro meu melhor amigo pra reclamar dele. 

" Vontade de Transformar "

Artigo Zero Hora


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LETÍCIA VARGAS
Estudante, vencedora da categoria Jovens Protagonistas do 2º Prêmio RBS de Educação

Sempre vi que em minha cidade as pessoas não tinham muito acesso aos livros, que elas até poderiam gostar de ler, mas não existia um incentivo, principalmente no interior do município.
Por isso, eu e meus colegas da Escola Progresso criamos um projeto para ajudar essas pessoas, levando livros até os centros comunitários. Nessas visitas, além da biblioteca itinerante em uma Kombi personalizada, teremos apresentações teatrais, musicais e declamações de poemas.

Com esse incentivo, queremos que aqueles que não leem tomem gosto pela literatura. Nossa ideia é fazer com que a população de Quinze de Novembro tenha acesso a bons livros. Pois, como já se disse uma vez, “o homem que não lê bons livros não tem nenhuma vantagem sobre o homem que não sabe ler”.
Mas não tínhamos como realizar esse sonho, até conhecer o Prêmio RBS de Educação. Quando vimos essa oportunidade, logo enviamos o nosso projeto, mas sem acreditar que chegaríamos lá. O grande dilema era que o ganhador seria aquele com mais votos. Porém, como a outra jovem protagonista morava em Caxias do Sul, uma cidade muito maior que a nossa, teríamos que divulgar bastante nosso projeto. Então, resolvemos ir a várias escolas da nossa região, incluindo outras cidades. Fizemos o máximo para conseguir o prêmio, mobilizando colegas, amigos, familiares e desconhecidos.
Ser uma jovem protagonista foi uma das melhores coisas que me aconteceu. Pois, com a premiação, tive muitas oportunidades e experiências que vão marcar a minha vida inteira. A sensação de ser a ganhadora do prêmio é inexplicável, coisa de outro mundo. Saber que a nossa iniciativa poderá se realizar, que tudo aquilo que impedia de colocar o nosso sonho em pé virou passado, é gratificante.

Depois que recebi a notícia de que havia ganhado o tão sonhado prêmio, percebi que, se formos persistentes e corrermos atrás de nossos sonhos, conseguiremos realizá-los. Por isso, não desistam, tentem o máximo atingir os seus objetivos. Pois nós corremos atrás, fizemos o nosso melhor e atingimos o nosso objetivo.

" Sem diálogo , Brasil Para " " A irresponsabilidade como Método "

Desculpa de que “foram eles que começaram” na Petrobras é "tese insustentável", diz editorial:

===========================================================================" A Irresponsabilidade como método " ...o conteúdo da comunicação petista usa como método a irresponsabilidade " ...



Deputado estadual (PMDB), líder do governo na Assembleia Legislativa



O PT tem se revezado no parlamento e nos espaços de opinião para discorrer uma bateria de críticas contra o governo Sartori, o que é legítimo papel da oposição. Mas é nosso dever apontar o tamanho da contradição de quem ainda não compreendeu o estrondoso recado que a população gaúcha deu nas urnas. A arrogância, a falácia e as falsas promessas foram rejeitadas. Venceram a simplicidade e a sinceridade.



O conteúdo da comunicação petista usa como método a irresponsabilidade, mesma marca da última experiência do partido à frente do governo do Estado. Ontem, neste espaço, o deputado Tarcísio Zimmermann repetiu igual estratégia. Tenho respeito pelo colega, mas ele escreve como se o PT só tivesse acertado, enquanto todos os outros só teriam errado. É o velho monopólio do bem, da ciência e da ética _ algo tão velho quanto a Guerra Fria. Convenhamos que, para evoluir, o Rio Grande do Sul precisa de um debate mais elevado e construtivo _ de parceria e construção, de altruísmo e solidariedade. De responsabilidade.



É assim que o governador José Ivo Sartori tem agido. E isso é de sua essência pessoal. O Estado está diante de um quadro financeiro difícil _ isso é fato, não choro. Projetamos o ano de 2015 com uma falta de mais de R$ 5 bilhões para fechar as contas. Isso é resultado de um processo histórico, mas que foi enormemente agravado pelo governo Tarso: deixou mais de R$ 650 milhões de contas não pagas, aumentou a despesa muito mais do que a receita, fez R$ 4 bilhões em novas dívidas, esgotou a capacidade do Estado para novos empréstimos e sacou mais de R$ 7 bilhões do caixa único e dos depósitos judiciais. Convenhamos que os artífices desses números não são referência de boas práticas de governança.
O que Sartori está fazendo é agir com responsabilidade


 Responsabilidade para buscar o equilíbrio financeiro, preservar os serviços essenciais, construir novas políticas públicas e preparar um novo futuro, com foco nos que mais precisam. Tudo isso sem fazer espetáculo, sem prometer o que não conseguirá cumprir, sem deixar-se tomar pela vaidade do poder. Não buscamos olhar para trás, tampouco rivalizar sem necessidade, mas não deixaremos de apontar que, para avançar, todos precisam ter uma postura política coerente e responsável. Inclusive a oposição.


" Pobre Bob "

MOISÉS MENDES

  Artigo Zero Hora

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Nada pode ser pior para uma boa ideia do que ganhar adesões de baixa qualidade que acabem por torná-la medíocre. Li esta frase há muito tempo num artigo de Roberto Campos.
Bob Fields, gênio do conservadorismo nacional, ficaria constrangido hoje com a qualidade de alguns adesistas, como os que embarcaram na mobilização pelo impeachment.
A última grande ideia da direita nasceu antes das eleições, prosperou por algum tempo, mas foi sendo depreciada pelos que a desqualificam. Você, que já entrou em muitas frias por simpatizar com ideias que depois teriam a adesão de alguém como o Bolsonaro, já pensou que o movimento do impeachment foi iniciado por ele mesmo, pelo Bolsonaro?
Você, que foi à luta nas passeatas de junho de 2013, ficou sabendo depois que desceu a João Pessoa ao lado de fascistas, neonazistas e black blocs. Você, que preza tanto a democracia, estava ao lado daqueles caras estranhos, que gritavam contra tudo e contra todos.
Você estava no lugar certo. As passeatas de 2013 acordaram o Brasil, mas foram ofendidas pelas adesões de baixa qualidade. Fascistas, à esquerda e à direita, é que estavam no lugar errado.
Eles deveriam fazer fuzarcas próprias, como os black blocs tentaram no Rio e em São Paulo e fracassaram. Quem não preza a democracia não pode se utilizar dela para desonrá-la.
Mas eles estão aí, misturados, quem sabe, até ao movimento dos caminhoneiros. E se infiltram entre descontentes da elite paulistana, como aconteceu na semana passada numa lancheria do Hospital Albert Einstein, quando um grupo chamou o ex-ministro Guido Mantega de fdp e mandou que ele saísse dali e fosse procurar o SUS.
Uma médica e suas seguidoras acabam por depreciar uma ira que ainda depende de qualidade para se transformar em gesto político.
As mulheres que berravam no hospital desceram ao nível de um Lobão, de um Bolsonaro, de um Feliciano e de outros menos famosos.
Você acha que aquele seu amigo que leva a sério a tese do impeachment iria sentir-se bem no bloco das vaiadoras do Albert Einstein? Você entregaria suas dores aos cuidados de uma delas?
Eu faço o que posso pela memória literária de Roberto Campos. Mas como caiu a qualidade das atitudes de quem está à direita da direita no Brasil.