quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

< Uma nova sombra > olhar global,de Luiz Antônio Araujo


Uma charge publicada ontem pelo jornal Le Monde mostra o presidente François Hollande vestido como o personagem Tintim, empunhando uma pistola a bordo de um caminhão militar. Os detetives trapalhões Dupond e Dupont contemplam a cena, sob a bandeira da União Europeia. Um deles diz: Estamos todos contigo!.

 

 
 

E o outro: Eu diria mais: estamos todos contigo!. A escalada militar francesa no Mali desperta reações contraditórias numa Europa dividida e insegura quanto ao futuro. Britânicos cederam aviões de transporte, espanhóis cogitam enviar algumas dezenas de homens, mas, de resto, não há o menor entusiasmo pela empreitada.

Os jornais Financial Times, da Grã-Bretanha, e Frankfurter Allgemeine, da Alemanha, chegaram mesmo a criticar um suposto giro de 180 graus na política externa de Hollande. Afinal, o socialista foi o mesmo que retirou o contingente francês do atoleiro do Afeganistão.

Hollande defendeu-se com o argumento de que a ofensiva visa a proteger franceses em território maliano e que será limitada no tempo. Até aí, nada de novo: nenhum governante mobiliza seus cidadãos para uma guerra que não esteja ligada a sua própria segurança ou que se prolongue indefinidamente.
 


A estratégia delineada pelo presidente, porém, parece mais ambiciosa que a dos aliados no Afeganistão: rechaçar a ameaça terrorista, proteger a capital, Bamako, e ajudar o governo malinês a reconstruir a integridade de um território maior que o da própria França. O envio inicial de algumas centenas de soldados foi ampliado para uma operação que pretende envolver um total de 2,5 mil homens.

Os rebeldes, cujas posições sofrem intenso bombardeio aéreo desde sábado, controlam dois terços da área do país há mais de seis meses. Desde a intervenção americana na Somália, em 1993, um conflito africano não atraía um contingente tão expressivo de forças estrangeiras. Vinte anos depois, a guerra no Mali lança uma nova sombra sobre o continente.


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