Eduardo
Amuri*
Quem busca uma relação melhor com o
dinheiro muitas vezes dá de cara com ilusões e dificuldades comuns a diversas
áreas e processos. A maioria delas surge logo nas primeiras movimentações: os
primeiros resultados são rápidos e trazem um conforto perigoso.É bem parecido com aquele amigo que, na
primeira semana depois do feriado repleto de celebrações gastronômicas, conta
sobre a primeira semana de academia, dizendo que não consegue entender porque
não havia começado antes, que já sente algumas diferenças no corpo e que
pretende continuar frequentando diariamente. Duas ou três semanas depois,
misteriosamente, ele para. Mas não estava fazendo um bem enorme?
Atos impulsivos, imaturos e ocasionais
dificilmente se sustentam. É como se estivéssemos embaixo d’água, sem conseguir
respirar. Sabemos que, para que possamos sobreviver e agir com mais destreza,
precisamos tirar nosso corpo todo dali.Você já tentou correr dentro da piscina? Logo
nos primeiros esforços, colocamos a cabeça para fora e nos sentimos felizes e
tranquilos: agora conseguimos respirar. Não nos preocupamos em tirar o resto, em
dar alicerce sólido para a mudança. Pouco a pouco vamos relaxando, tiramos o
foco e, em instantes, estamos imersos novamente na piscina e na zona de
conforto.
Trazendo para o mundo dos cifrões, essa nossa
dificuldade fica ainda mais evidente. Está tudo muito acessível, mas, muitas
vezes, não temos discernimento para interpretar o caminhão de informações que
recebemos e nos contentamos com os primeiros avanços.
Por exemplo, é muito comum escutar da boca de
quem está a algumas semanas ou meses lendo sobre finanças: “a poupança tem
rentabilidade negativa”. Realmente, após as mudanças das regras, a poupança
tem rendido menos do que a inflação, mas de maneira nenhuma isso justifica não
poupar.
Mesmo que perca para a inflação, ainda existem
vantagens muito significativas. A primeira delas é matemática: manter o dinheiro
rendendo pouco (poupança) é infinitamente melhor do que manter o dinheiro parado
(conta corrente). Se a inflação ganha da poupança, ela dá uma goleada na
conta corrente.
Além disso, somos seres movidos por rituais. O
ato de tirar o dinheiro da conta corrente e colocar em algum outro lugar é muito
simbólico. É como se disséssemos para nosso cérebro, acostumado a procrastinar:
“Eu sei que eu poderia dizer que vou deixar para separar esse dinheiro quando
tivesse uma conta em uma grande corretora ou quando fosse um profundo conhecedor
do mercado, mas resolvi começar agora”.Traçando um paralelo com o exemplo que
abordamos no início, ficaria assim: “Eu sei que eu poderia dizer que vou
deixar para começar a correr no parque quando comprasse um tênis novo, mas
resolvi começar agora”.
Optar por poupar é tão ou mais importante do
que conhecer todas as modalidades de investimento oferecidas pelo mercado.
Acompanho diversas pessoas que, aos poucos, estão mudando seus hábitos e
tentando apontar seus esforços em direção a uma vida financeira mais saudável.
Em todos os casos, a vantagem de começar de maneira simples e sustentável é
muito notória.
Enquanto os investimentos não estão
estruturados, sugiro que você aproveite o ímpeto de mudança que surge quando
você está analisando seu extrato bancário e faça a transferência na hora.
Flagre-se sugerindo dietas financeiras que começam no “mês que
vem”.
Aos poucos, conforme conhecemos melhor o
mercado, novas modalidades de investimento passam a fazer sentido. É muito mais
fácil se dedicar à parte técnica das finanças depois que o hábito de poupar e
respeitar o dinheiro pode ser considerado enraizado.
Vale a pena deixar que essas ações efetivas
tomem um pouco do espaço que dedicamos às metas de ano novo. Comece pequeno, mas
comece.
Que o ano de 2013 seja muito especial! Até a
próxima!
*
Estuda a relação do homem com o dinheiro e dedica-se a entender de que maneira
nosso potencial financeiro pode ser utilizado para transformar nossas
vidas.
Fonte:
http://dinheirama.com/blog/2013/01/02/nossa-relacao-com-o-dinheiro-os-pequenos-habitos-e-o-ano-novo/
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