sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

ESTA INQUIETA JUVENTUDE, de Carlos Alberto Barcellos *


Como educar para a responsabilidade pessoal e social? “Salvar vidas é a nossa praia”, slogan da Fundação Thiago Gonzaga para o verão. Peço licença para refletir em cima do título desta crônica. Há um ar de desprendimento na entrega do tempo e conhecimento dessa juventude Vida Urgente num período de férias. Esse jovens, alguns ainda quase adolescentes, abrem mão de férias para trabalhar em nome da vida. Quem circular pelo Litoral os encontrará no projeto Salva Vida Urgente. Um exercício didático que se espalha pelas praias gaúchas com a assinatura de uma juventude que possui fome de vida.

Mergulhados num processo de imersão, aprenderam em cursos de capacitação e convivência solidária a falar de temas delicados como trânsito e a cultura do herói. Quando tanto se fala em multiplicar lições de vida, o Salva Vida Urgente é uma aula a céu aberto. Quem os vê abordando motoristas ou a comunidade em geral percebe competência e paixão pela causa que abraçaram.

Seus olhares encantam. Desprovidos de vaidades, tudo que querem é salvar vidas. Sabem que todos merecem viver muitos verões, muitos vestibulares, formaturas, encontros, famílias descansando, pais curtindo seus filhos e filhos abraçando a todos os que amam. Entendem, como voluntários que são, a clareza dos conceitos de tempo e conhecimento.

 


No tempo que canalizam para viver a arte do bem, conseguem a sabedoria de falar linguagens diferentes com públicos diferentes. Quando falam com jovens como eles, sabem que estão mexendo com seus pares, uma idade complicada na qual tudo parece não ter limites. Buscam desmontar com sensibilidade a nefasta onipotência juvenil ou essa chamada cultura do herói. A fala dirigida ao mundo adulto reforça a tese de que é através do exemplo que conseguiremos influenciar uma mudança de cultura.

Esta, para eles, não é uma fala piegas ou um discurso decorado. Para eles, esse trabalho não constitui férias. Tão sério isso como afirmar que cidadania e educação não tiram férias. Pelo menos, nunca deveria ser assim. Uma juventude saudável para fazer um contraponto numa cultura marcada por modismos, na qual, muitas vezes, férias é sinônimo de tudo permitido.
 


Andam e trabalham em grupos. Esta é uma estratégia de educação sensível. Estão a nos dizer que sozinhos não mudaremos um quadro que deixa dor em cada acidente. Traumas que carregamos para sempre. Esta é a praia deles. Querem para todos o que elegem para si. Uma vida com cuidado e uma paixão pela solidariedade traduzida na causa da borboleta do Vida Urgente.

O calor do verão será suavizado pela ternura e encanto desta inquieta juventude urgente. Olham o mundo de uma forma global atuando localmente. Vida é tudo!



*PROFESSOR E VOLUNTÁRIO DA FUNDAÇÃO THIAGO DE MORAES GONZAGA

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